quinta-feira, julho 02, 2015

Quinta, 2.
O Tribunal de Contas fez um relatório sobre as privatizações da TAP e da REN e o que diz é assustador do estado da democracia em Portugal. Entre muitas coisas, escreve que as privatizações não acautelaram os interesses estratégicos do Estado, que este pode ter perdido milhões, que não houve transparência nos processos, que as irregularidades foram mais que muitas e por aí fora. O que espanta é que as acusações do TC são recorrentes e nenhum governo o leva sério. Começo a interrogar-me para que serve, quando nenhum dos seus reparos é tido em conta. O que noto é que entre nós, qualquer dos partidos e são sempre os mesmos que chega ao poder, toma o país como a sua quinta e os cidadãos como os seus criados e permite-se enquanto dono de tudo fazer o que muito bem lhe apetece.

          - Ainda a Grécia. A Alemanha e a clique do Eurogrupo, a senhora Christine Lagarde cuja história um dia se saberá, combatem a ideia de Stipras de chamar o povo a pronunciar-se sobre os métodos de actuação para com um país independente e soberano dos barões de Bruxelas. Mas a verdade é esta: o referendo é legítimo e dá ao primeiro-ministro grego a oportunidade política de refazer a história em união com os seus concidadãos. De toda esta gentalha que se empoleirou no euro, o único por quem tenho simpatia e me parece o mais digno, é o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Tudo o resto ejusdem farinae. Imagine-se o seu antecessor, o anafado Durão, à frente dos destinos europeus numa altura desta! Quem me acode!   

         - Enquanto a Europa se entretém com ódios e chantagens, a contar os patacos e a reduzir à extrema pobreza os povos sob o seu jugo, o auto-proclamado Estado Islâmico vai avançando. Chegou ao Egipto, reocupou uma parte do Sinai e assinou a conquista com 70 mortos. A velha Europa quando acordar está sob o jugo terrível do exército jihadista com ramificações por todo o lado. A riqueza que ela tanto diviniza, ficará sepultada debaixo dos cadáveres que juncarão todo o continente e o seu número ultrapassará substancialmente o de Hitler.

         - Piedade, babaca, vendo-me a trabalhar montado num escadote e de serra eléctrica em punho a cortar os grossos ramos dos cedros que obstruíam o sol às laranjeiras: “Quem o viu e quem o vê! Dantes não sabia fazer nada, agora amanha-se sozinho sem problemas.” Respirei fundo para melhor me fazer compreender e respondi: “A pobreza é útil não só ao orgulho, como à riqueza do desenvolvimento pessoal.” Não estou certo que ela tivesse entendido.