Quinta, 2.
O Tribunal de Contas fez um relatório
sobre as privatizações da TAP e da REN e o que diz é assustador do estado da
democracia em Portugal. Entre muitas coisas, escreve que as privatizações não
acautelaram os interesses estratégicos do Estado, que este pode ter perdido
milhões, que não houve transparência nos processos, que as irregularidades
foram mais que muitas e por aí fora. O que espanta é que as acusações do TC são
recorrentes e nenhum governo o leva sério. Começo a interrogar-me para que
serve, quando nenhum dos seus reparos é tido em conta. O que noto é que entre
nós, qualquer dos partidos e são sempre os mesmos que chega ao poder, toma o
país como a sua quinta e os cidadãos como os seus criados e permite-se enquanto
dono de tudo fazer o que muito bem lhe apetece.
- Ainda a Grécia. A Alemanha e a clique do Eurogrupo, a senhora
Christine Lagarde cuja história um dia se saberá, combatem a ideia de Stipras
de chamar o povo a pronunciar-se sobre os métodos de actuação para com um país
independente e soberano dos barões de Bruxelas. Mas a verdade é esta: o
referendo é legítimo e dá ao primeiro-ministro grego a oportunidade política de
refazer a história em união com os seus concidadãos. De toda esta gentalha que
se empoleirou no euro, o único por quem tenho simpatia e me parece o mais
digno, é o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Tudo o resto ejusdem farinae. Imagine-se o seu
antecessor, o anafado Durão, à frente dos destinos europeus numa altura desta! Quem
me acode!
- Enquanto a Europa se entretém com ódios e chantagens, a contar os
patacos e a reduzir à extrema pobreza os povos sob o seu jugo, o auto-proclamado
Estado Islâmico vai avançando. Chegou ao Egipto, reocupou uma parte do Sinai e
assinou a conquista com 70 mortos. A velha Europa quando acordar está sob o
jugo terrível do exército jihadista com ramificações por todo o lado. A riqueza
que ela tanto diviniza, ficará sepultada debaixo dos cadáveres que juncarão todo
o continente e o seu número ultrapassará substancialmente o de Hitler.
- Piedade, babaca, vendo-me a trabalhar montado num escadote e de serra
eléctrica em punho a cortar os grossos ramos dos cedros que obstruíam o sol às
laranjeiras: “Quem o viu e quem o vê! Dantes não sabia fazer nada, agora
amanha-se sozinho sem problemas.” Respirei fundo para melhor me fazer
compreender e respondi: “A pobreza é útil não só ao orgulho, como à riqueza do
desenvolvimento pessoal.” Não estou certo que ela tivesse entendido.