quarta-feira, julho 08, 2015

Quarta, 8.
O cérebro é uma máquina assombrosa. Aconteceu que esta madrugada num sonho leve, estive no buraco minúsculo da casa das máquinas onde trabalhava José Gomes Ferreira e onde conheci aquela que Costa apelida de “mãe do PS” (se o ridículo pagasse imposto a dívida estava liquidada com o putativo primeiro-ministro). Revi a entrada do edifício na Avenida da Liberdade, as escadas estreitas que me levaram ao encontro do poeta com quem havia combinado na véspera uma entrevista. Assim que pus os pés no chão, corri ao computador com o pressentimento que algo estava errado no meu apontamento de ontem De facto tinha trocado o cinema Tivoli pelo teatro S. Luís que me apressei a corrigir.

         - São justas as homenagens a Maria Barroso. Só acho excessivas e oportunistas algumas das declarações dos políticos e camaradas. Espero que a ilustre cidadã tenha deixado em testamento que recusa a ponham no Panteão Nacional dada a banalidade em que o transformaram. É verdade que ele é um mastodonte de fealdade insuportável, mas respeitem ao menos a função para que foi criado. Não o transformem num mausoléu de futebolistas e de individualidades que se pudessem escolher nunca aceitariam a eternidade naquele sarcófago de ídolos ditos “do povo” ali depositados por consenso dos senhores deputados.

         - Tudo leva a crer que a Grécia vai ser enxotada da União Europeia. À União não interessa os dois por cento de contribuição para a riqueza dos grandes que o país oferece. Estes querem países e povos mansos, de crinas baixas, que trabalhem como escravos para enriquecer meia dúzia. A pouco e pouco a UE vai ficar reduzida a três ou quatro países que entre si formarão um acordo económico tendo o euro por moeda corrente – e assim é que tem lógica.  


         - A Maria Luísa, ontem: “Só desejo morrer o mais depressa possível.” Trágico. Todavia, eu, talvez insensatamente, continuo a pensar que a velhice não é o desastre que todos lhe apontam.