Domingo, 12.
As bavardages
dos políticos prosseguem. Um dia afirmam
que querem a Grécia dentro da moeda única, no dia seguinte tudo fazem em contrário.
Rejubilaram quando Tsipras amouxou, mas agora querem-no de cabeça no chão, em
oração. São três os carrascos: Schauble (sem tremas no a, o computador não
tem), o patrão socialista do Eurogrupo e o grupo do Portugal dos pequeninos,
mais a Espanha. Uns por raiva e ódio das investidas corpo a corpo de Tsipras e
sobretudo do brilhante Varoufakis; os outros porque querem continuar no poder e
a qualquer preço. Ninguém diz preto no branco que o problema não está em
salve-se quem puder, mas na própria existência de uma moeda que não pode
abranger países pobres e países ricos, sob pena de os segundos reduzirem as
cinzas os primeiros. Desde 2000 a Europa do euro nunca conheceu nenhum período
de acalmia. As crises são em cadeia, os povos estão mais pobres, a
instabilidade é contínua, e no meio de tudo isto a Alemanha está mais forte, o
fosso entre ricos e pobres nunca foi tão abissal. Os contabilistas por agora sorriem.
Pela minha parte, tenho confiança no povo grego. Fôssemos nós como eles e há
quanto tempo a palhaçada tinha acabado.
- O que se passou ontem no 20º aniversário do massacre de Srebrenica,
prova que o conflito não está sarado e muitas sombras negras podem dali
irradiar para toda a Europa. Aleksandar Vucic, primeiro-ministro, que preparou
a efeméride com quase um ano de antecedência, não previu a revolta popular nem
as pedras e garrafas que o atingiram durante a cerimónia. A população não
esqueceu que ele é um antigo defensor ultranacionalista da Grande Sérvia. Ali
recordava-se os oito mil e tal rapazes e homens bósnios-muçulmanos do exército
bósnio mortos na chacina a dois passos de Srebrenica. Vucic quis erradicar da
zona os muçulmanos.
- Recolho todos os dias uma mão cheia de saborosos morangos. É a segunda
leva depois da primeira há dois meses. O que vem a seguir e exibe já um tamanho
e cor apetecíveis, são as maças riscadinhas, as reinetas e outras. Algumas
laranjeiras ainda estão decoradas com frutos lindíssimos que vou colhendo um
cada dia ao pequeno-almoço.
- 1000 metros de natação com a água morna. O calor tem sido muito por
estas paragens, daí o esplendor da temperatura da piscina. Aos fins-de-semana o
silêncio é cheio do riso dos meus vizinhos da frente, uns quantos rapazes
divertidos que não me incomodam e até acrescentam uma nota de vivacidade à
atmosfera. Estão distantes de mim uns quinhentos metros e por isso o som que me
chega é filtrado pelo ar abafado das tardes. Prefiro-os aos rapagões que ao meu
portão passam montados em potentes motos e deixam no ar não só a poeira como o
ruído que fere os tímpanos e faz medo às árvores.