domingo, julho 12, 2015

Domingo, 12.
As bavardages  dos políticos prosseguem. Um dia afirmam que querem a Grécia dentro da moeda única, no dia seguinte tudo fazem em contrário. Rejubilaram quando Tsipras amouxou, mas agora querem-no de cabeça no chão, em oração. São três os carrascos: Schauble (sem tremas no a, o computador não tem), o patrão socialista do Eurogrupo e o grupo do Portugal dos pequeninos, mais a Espanha. Uns por raiva e ódio das investidas corpo a corpo de Tsipras e sobretudo do brilhante Varoufakis; os outros porque querem continuar no poder e a qualquer preço. Ninguém diz preto no branco que o problema não está em salve-se quem puder, mas na própria existência de uma moeda que não pode abranger países pobres e países ricos, sob pena de os segundos reduzirem as cinzas os primeiros. Desde 2000 a Europa do euro nunca conheceu nenhum período de acalmia. As crises são em cadeia, os povos estão mais pobres, a instabilidade é contínua, e no meio de tudo isto a Alemanha está mais forte, o fosso entre ricos e pobres nunca foi tão abissal. Os contabilistas por agora sorriem. Pela minha parte, tenho confiança no povo grego. Fôssemos nós como eles e há quanto tempo a palhaçada tinha acabado.

         - O que se passou ontem no 20º aniversário do massacre de Srebrenica, prova que o conflito não está sarado e muitas sombras negras podem dali irradiar para toda a Europa. Aleksandar Vucic, primeiro-ministro, que preparou a efeméride com quase um ano de antecedência, não previu a revolta popular nem as pedras e garrafas que o atingiram durante a cerimónia. A população não esqueceu que ele é um antigo defensor ultranacionalista da Grande Sérvia. Ali recordava-se os oito mil e tal rapazes e homens bósnios-muçulmanos do exército bósnio mortos na chacina a dois passos de Srebrenica. Vucic quis erradicar da zona os muçulmanos.

         - Recolho todos os dias uma mão cheia de saborosos morangos. É a segunda leva depois da primeira há dois meses. O que vem a seguir e exibe já um tamanho e cor apetecíveis, são as maças riscadinhas, as reinetas e outras. Algumas laranjeiras ainda estão decoradas com frutos lindíssimos que vou colhendo um cada dia ao pequeno-almoço.  


         - 1000 metros de natação com a água morna. O calor tem sido muito por estas paragens, daí o esplendor da temperatura da piscina. Aos fins-de-semana o silêncio é cheio do riso dos meus vizinhos da frente, uns quantos rapazes divertidos que não me incomodam e até acrescentam uma nota de vivacidade à atmosfera. Estão distantes de mim uns quinhentos metros e por isso o som que me chega é filtrado pelo ar abafado das tardes. Prefiro-os aos rapagões que ao meu portão passam montados em potentes motos e deixam no ar não só a poeira como o ruído que fere os tímpanos e faz medo às árvores.