Sexta, 6.
Gostei francamente da edição de aniversário
do Público com o tratamento do Tempo ao longo das mais de cem páginas.
Fabulosos artigos sobretudo dos físicos como Carlos Fiolhais, a interessante
entrevista a Vítor Cardoso, Áurea Sampaio e alguns mais. Foi o melhor número de
todos os festejos anuais do jornal. Parabéns!
- Hoje o matutino voltou ao normal, isto é, ao ronrom dos ambiciosos que
falsificam e corrompem, roubam e mentem, para conseguirem mais e mais, numa
desmedida precisão de riqueza que só é comparada à baixeza de espírito e à
pobreza que os viu nascer. Hoje estão em cartaz os altos funcionários da
Segurança Social que cobravam fortunas aos empresários que necessitavam para os
seus negócios com o Estado de um papel que garantissem que não tinham dívidas.
Mas o dia ainda não terminou e provavelmente os juízes que nunca tiveram tanto
trabalho para apanhar rapinadores de tão alto coturno encostados às centrais de
advogados, ainda vai sair mais uma fornalha das suas pesquisas judiciais. Esta
miséria prova o que toda a gente sabia, mas não tinha coragem de dizer alto:
que os jogos de interesses entre os Governos (todos desde o 25 de Abril de
1974) e a finança sempre andou de mãos dadas com o selo de sangue gravado nos
corações da grande rede de mafiosos.
- Sócrates deve detestar o hotel onde a justiça o fechou. Daí que de vez
em quando tenha necessidade de dar sinais de vida, convencido que cá fora o
povo aguarda com paixão e ansiedade pelas suas iras e açoites à direita e à
esquerda que ele sente entre muros as reservas e o seu pouco entusiasmo em o
defender. Desta vez deixou em paz o juiz Carlos Alexandre para atacar Passos
Coelho de quem diz estar “próximo da miséria moral”. Patético. Se o
primeiro-ministro está no estado em que ele o coloca, que se dirá dele, José
Sócrates, “o menino de ouro” dos socialistas, depois de ter tido o ceptro e a
coroa, passear inchado pelos salões dourados da velha e decadente União
Europeia, encher o peito nos conselhos de ministros, viver no seizième arrondissement em Paris, onde
aprendeu francês e filosofia (quem não se lembra das suas aulas de narrativa na
TV), e agora acusado de um rol de crimes que na rua, nos cafés e nas
repartições públicas, ninguém tem dúvida ter praticado. Passos Coelho ao seu lado
é um medíocre aprendiz do gamanço.
- Não dispenso diariamente uma, duas horas de trabalhos no campo. Ontem
e hoje comecei e acabei de podar as hortências numa pressa porque tinha o exame
final hoje com a professora Piedade que, depois de passar revista ao desbasto,
deu uma tosquiadela aqui outra acolá, e me aprovou com 20 valores. De seguida
passei às limpezas do material saído da tosquia. Uma parte para compostagem,
outra para queimar. Ressalta daqui uma grande dor de rins, mas que importância
tem isso quando o coração jubila de alegria e bem-estar. Esta tarde chegaram as
formigas, ontem os lagartos. Todos estes seres rastejantes aproximam-se impelidos pela Primavera e o coaxar das osgas é já nítido. O Black voltou das suas férias
sexuais nas Filipinas há três dias. É isto que tinha para contar. Está feito.