quarta-feira, março 04, 2015

Quarta, 4.
É impressionante a política e sobretudo os políticos. Não dá para entender e muito menos para respeitar. A incrível facilidade e ligeireza como eles nos tomam por parvos, pensando que temos a memória curta e a inteligência afectada por uma qualquer amnésia que limpa dos nossos neurónios os registos das suas incongruências, da sua liderança, das suas falcatruas e do seu longo rosário de mentiras, atropelos às leis, jogos de poder, intriga, corrupção, roubos, até o despir a pele em público e toda a sorte de malvadez que nos arrepia, confrange e revolta. Um político não é um tipo normal. Não pode ser. É uma espécie de monstro sem coração nem alma, sem sentimentos nem estados de espírito próprios dos humanos, de algum modo um frustrado, um bicho que vive numa toca dourada, rodeado dos mafiosos pares, a coberto da luz que irradia felicidade e saúde física e mental. Se for português, não sendo diferente dos estrangeiros, acumula em doses maciças a estupidez em estado puro, o sentido refinado do oportunismo, a exuberância do pacóvio, a aparência do lorpa e as bochechas do camponês das sombras tocado do álcool e dos torresmos. Baixote e barrigudo, distingue-se na galeria dos seus colegas por aquele que exibe o sorriso mais idiota e o porte arrogante do chico esperto. 


         - Evidentemente, um país com esta plêiade de homens só pode oferecer aos cidadãos o desastre, a gargalhada e o choro convulsivo. De repente, os iluminados do PS, varrendo da sua história o mandão dos dias dos festejos carnavalescos, recambiado para a prisão, correram a confessar ao cardial de Lisboa os seus pecados infinitamente mais chorudos que os do primeiro-ministro no tocante à querida riqueza ilícita, e atiraram-se a Passos Coelho porque o homem se esqueceu, não ligou, foi laxista no dever sacrossanto de levar ao Estado gastador os lucros do seu modesto trabalho, no montante de uns ridículos 4 mil euros, uma gorjeta quando comparados com os milhões que eles acumulam em contas cá e lá fora, em pouco mais de quarenta anos de festa rija. Como se Portugal fosse governado da direita à esquerda por gente honesta e competente. Basta abrir a televisão, consultar um qualquer jornal neste momento para se ter o registo do país, nascido de uma revolução de flores depressa assaltada por uma casta de gente oportunista que aprendeu rápido e eficazmente como roubar, traficar influências, fazer de cada cidadão um escravo e do país a quinta que a família pobre nunca lhe pôde dar. Leio as notícias de hoje que não são diferentes das de ontem, de há oito dias, de há dez anos, de há quarenta anos: um antigo inspector da Polícia Judiciária, vice-presidente de um clube de futebol (claro), escritor (oh, pois então), foi preso por assaltos violentos a casas e pessoas; um ex-ministro da Saúde está a ser julgado por ligações ao BPN pelo o qual recebeu 80 milhões ilícitos e passo. Por isso, as ligações de Passos Coelho à Tecnoforma, o dinheiro ganho com negócios fuscos como relatou Helena Roseta, agora os descontos para a Segurança Social que prescreveram para ele e não para milhares de outros cidadãos de segunda, tudo isso é uma gota de água no oceano turvo da política no nosso infeliz país.

         - Acaba de chegar o cuco! Aleluia!