sábado, março 14, 2015

Sábado, 14.
O Estado e quando falo em Estado quero dizer o Governo, quer trazer de volta a Portugal aqueles que ele expulsou com desprezo pela dignidade de cada um, prometendo incentivos económicos. Que falcatrua! Eu sei que os portugueses são sentimentalões e agarrados ao torreão familiar, mas é ignorar que em contacto com outras mentalidades, formas de governação e aquisição cultural e social, quererão voltar ao reino do laxismo, da corrupção, do eternamente problemático e dependente mundo disto e daquilo, daquele e daqueloutro. Recomeçar a vida de novo aqui, com os mesmos dirigentes políticos, as mesmas políticas, o mesmo estratagema económico, o mesmo patuá salvador para consumo de incultos, de pacíficos seres encostados às benesses deste e daquele, a cabeça deitada no colo da mamã, é retornar aos mesmos sacrifícios, aos mesmos prantos, à mesma ladainha dos infelizes sem eira nem beira.    

         - Ontem houve mais uma greve dita da função pública. Hospitais, centros de saúde, escolas, empregados do lixo, finanças, tribunais responderam à ordem das duas centrais sindicais e desarranjaram milhares e milhares de pessoas em todo o país. No fim do dia vieram as percentagens: do lado dos sindicalistas a coisa rondou os 80 por cento, do lado do Governo andou pelos 50 por cento. A democracia foi cumprida, mas ninguém percebeu em que medida. E deste modo pode seguir a festa com satisfacção de uns e descontentamento de outros.

         - O ministro das Finanças alemão, tratou esta semana o seu homólogo grego de “tonto ingénuo”. O nosso Vasco Pulido Valente disse praticamente o mesmo e Passos Coelho falou num contador de histórias para crianças. O facto é que Varoufakis é um homem competente e conhecedor. A guerra entre a Grécia e a Alemanha radica um pouco mais atrás e a Grécia não desistiu de pedir à Alemanha o pagamento de compensações pelos crimes e destruição nazi na II Grande Guerra. Eu  admiro os dirigentes do Syriza. São heróicos e talvez um pouco românticos. É a história de David e Golias dos tempos presentes.

         - Claro que esta gentalha que diz possuir a experiência governativa que exige aos mais novos, nós, isto é, aqueles que pretendem uma mudança profunda, estamos fartos da sua competência e inteligência que é a causa que nos arrastou para o lodaçal em que se encontra a Europa e o mundo. É também a forma encontrada pelos sabichões de impedirem que outros com outra forma de fazer política venham ocupar os seus lugares. Arregimentados numa mafia de círculo, pensam que nunca serão apanhados na malha da justiça. Uns encobrem os que metem a mão no saco mais facilmente quando se está no poder; outros esperam ao largo pela distribuição do produto. É a técnica da ladroagem que assalta bancos, casas e assim.

         - Em verdade não precisamos da sua democracia para nada. É um nojo, um abcesso aberto nas nossas vidas. Atente-se no escandaloso caso da “lista VIP” de contribuintes existente nas Finanças. Segundo o sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, o actual secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, com aquele seu ar de bebé Nestlé, foi o arquitecto do monstro. A lista dos privilegiados é constituída por gente da área política, financeira e económica e surgiu na sequência do célebre caso Tecnoforma. Estes mafiosos se possível for, matam a mãe para conservar o poder que a democracia impede ser eterno. Por causa deste crime, já foram condenados muitos funcionários das Finanças que ousaram consultar as informações fiscais desta pandilha.