Segunda, 9.
Estou a ler outro estudo sobre Oscar
Wilde, da autoria de H. Montgomery Hyde, que data de 1968, portanto, sessenta
anos depois da morte do poeta irlandês, com o título Les années maudites. Hyde documentou-se bem e como inglês apresenta
os dados de uma forma crua, precisa e sem floração. O que deixa ao leitor
espaço para absorver a dor do autor de a Balada
de Reading e beber as lágrimas que a sua prisão lhe fizeram correr. Ele,
Wilde, disse um dia que onde há sofrimento a terra é sagrada. E de facto, somos
impelidos a beijar as páginas que narram aquele dia em que o escritor é
transferido da cadeia de Pentonville para a de Wandsworth a sul de Londres. Pouco
tempo depois, o artista que andava a projectar suicidar-se como forma de
escapar à humilhação e à morte lenta, um prisioneiro, durante o limitado
recreio do dia, segreda-lhe ao ouvido: “Je suis navré pour vous; c´est encore
plus dur pour les gens comme vous que pour nous.” Wilde, tocado de gratidão pelo
camarada da mesma sorte, em lágrimas, responde não ciciando como seria norma,
mas audível a um ponto que os guardas escutaram: “Non, mon ami, nous souffrons
tous pareillement.” Foi prontamente punido por haver falado por ele e pelo outro ao afirmar que quem começou a conversa foi ele e não o colega de prisão.
- L ´épouvantable inutilité
d´expliquer quoi que ce soit à qui que ce soit. A frase é de Baudelaire, mas cabe
cabalmente na orgia de palavras entre a Presidência da República e os partidos da
oposição.
- Os selvagens da Deach destruíram com escavadoras tudo o que sobrou do roubo
e consequente venda do antigo palácio do rei assírio Senaquerib. A zona arqueológica
de Dur Sharrukin, na actual cidade iraquiana de Jorsabad, outrora capital da
Assíria ficou reduzida a um monte de pedras. Estes indomesticados tipos pensam
que empobrecem o mundo, e empobrecem, mas quem sai mais pobre e sem identidade
futura são eles.