segunda-feira, março 09, 2015

Segunda, 9.
Estou a ler outro estudo sobre Oscar Wilde, da autoria de H. Montgomery Hyde, que data de 1968, portanto, sessenta anos depois da morte do poeta irlandês, com o título Les années maudites. Hyde documentou-se bem e como inglês apresenta os dados de uma forma crua, precisa e sem floração. O que deixa ao leitor espaço para absorver a dor do autor de a Balada de Reading e beber as lágrimas que a sua prisão lhe fizeram correr. Ele, Wilde, disse um dia que onde há sofrimento a terra é sagrada. E de facto, somos impelidos a beijar as páginas que narram aquele dia em que o escritor é transferido da cadeia de Pentonville para a de Wandsworth a sul de Londres. Pouco tempo depois, o artista que andava a projectar suicidar-se como forma de escapar à humilhação e à morte lenta, um prisioneiro, durante o limitado recreio do dia, segreda-lhe ao ouvido: “Je suis navré pour vous; c´est encore plus dur pour les gens comme vous que pour nous.” Wilde, tocado de gratidão pelo camarada da mesma sorte, em lágrimas, responde não ciciando como seria norma, mas audível a um ponto que os guardas escutaram: “Non, mon ami, nous souffrons tous pareillement.” Foi prontamente punido por haver falado por ele e pelo outro ao afirmar  que quem começou a conversa foi ele e não o colega de prisão.

         - L ´épouvantable inutilité d´expliquer quoi que ce soit à qui que ce soit. A frase é de Baudelaire, mas cabe cabalmente na orgia de palavras entre a Presidência da República e os partidos da oposição.


         - Os selvagens da Deach destruíram com escavadoras tudo o que sobrou do roubo e consequente venda do antigo palácio do rei assírio Senaquerib. A zona arqueológica de Dur Sharrukin, na actual cidade iraquiana de Jorsabad, outrora capital da Assíria ficou reduzida a um monte de pedras. Estes indomesticados tipos pensam que empobrecem o mundo, e empobrecem, mas quem sai mais pobre e sem identidade futura são eles.