segunda-feira, março 23, 2015

Segunda, 23.
A França deixou os socialistas a falar sozinhos. Nas eleições departamentais de ontem a direita (UMP e FN) tiveram a mais larga maioria dos votos. Em Espanha o Podemos faz frente aos dois partidos que têm governado em alternância. Qualquer coisa está a mudar na velha Europa. Em Portugal nem por isso. Nós somos mais cândidos, quero dizer, menos esclarecidos.

         - A vida é muito complicada hoje em dia. Para tomar um simples café a quantidade de papel que se gasta, o número de pessoas com quem é preciso falar, o paso doble que elas executam atropelando-se umas às outras atrás do balcão, para não falar no seu custo (refiro-me ao praticado no Starbucks). O contrário do que exigem as campanhas contra o ozono e outras descobertas recentes. A indústria está-se literalmente nas tintas para o Planeta e não só a indústria como os organismos públicos. Veja-se o caso do metropolitano. Hoje uma simples viagem consome mais em papel que antes. Contudo, foi a favor da economia e do equilíbrio da Terra que eles criaram aquele sistema. É visível que quem saiu a ganhar foi a empresa. O viajante a perder: em tempo e dinheiro. Quanto ao Planeta, estamos conversados.


         - Esta tarde numa esplanada do Chiado com um amigo que não via há tempos. Conversa vagabunda, todos os temas à esquina da rua, misturados no entusiasmo e na barafunda. “Que energia!” , dizia-me ele. A meio da cavaqueira, mais uma vez: “Que energia tens tu!” Falou-se do Príncipe Real onde eu vivi e ele: “Aquilo tá a ser comprado pelos espanhóis. Não devias ter saído de lá.” Revolto desta vez com energia: “Mas que me importa a mim! Tu julgas que gostaria de viver ao lado de novos-ricos de barrigas d´água e cérebros vazios! Com aquela nobreza dos cretinos, o convencimento dos idiotas e a burrice dos provincianos da favela maternal!”  Quando nos levantámos, a minha pequena mochila que me acompanha para todo o lado, ficou presa ao braço da cadeira e eis que a energia se estatela no chão com a cadeira de ferro nos costados. Blof.