Segunda, 23.
A França deixou os socialistas a falar
sozinhos. Nas eleições departamentais de ontem a direita (UMP e FN) tiveram a
mais larga maioria dos votos. Em Espanha o Podemos faz frente aos dois partidos
que têm governado em alternância. Qualquer coisa está a mudar na velha Europa.
Em Portugal nem por isso. Nós somos mais cândidos, quero dizer, menos
esclarecidos.
- A vida é muito complicada hoje em dia. Para tomar um simples café a
quantidade de papel que se gasta, o número de pessoas com quem é preciso falar,
o paso doble que elas executam
atropelando-se umas às outras atrás do balcão, para não falar no seu custo
(refiro-me ao praticado no Starbucks). O contrário do que exigem as campanhas
contra o ozono e outras descobertas recentes. A indústria está-se literalmente
nas tintas para o Planeta e não só a indústria como os organismos públicos.
Veja-se o caso do metropolitano. Hoje uma simples viagem consome mais em papel
que antes. Contudo, foi a favor da economia e do equilíbrio da Terra que eles
criaram aquele sistema. É visível que quem saiu a ganhar foi a empresa. O
viajante a perder: em tempo e dinheiro. Quanto ao Planeta, estamos conversados.
- Esta tarde numa esplanada do Chiado com um amigo que não via há
tempos. Conversa vagabunda, todos os temas à esquina da rua, misturados no entusiasmo
e na barafunda. “Que energia!” , dizia-me ele. A meio da cavaqueira, mais uma
vez: “Que energia tens tu!” Falou-se do Príncipe Real onde eu vivi e ele: “Aquilo
tá a ser comprado pelos espanhóis. Não devias ter saído de lá.” Revolto desta
vez com energia: “Mas que me importa a mim! Tu julgas que gostaria de viver ao
lado de novos-ricos de barrigas d´água e cérebros vazios! Com aquela nobreza
dos cretinos, o convencimento dos idiotas e a burrice dos provincianos da
favela maternal!” Quando nos levantámos,
a minha pequena mochila que me acompanha para todo o lado, ficou presa ao braço
da cadeira e eis que a energia se
estatela no chão com a cadeira de ferro nos costados. Blof.