terça-feira, agosto 08, 2023

Terça, 8. 

Dão-se alvíssaras à organização das Jornadas Mundiais da Juventude e a justo título. De facto, a Igreja, as edilidades de Lisboa e Loures e outras, as polícias, os 30 mil jovens voluntários, enfim, todo o mundo trabalhou com brio e dedicação para um acontecimento de grande importância para a Igreja e Portugal, não pelas razões (sempre as mesmas, não há pachorra) da classe política, mas na esperança que algo mude na Igreja Católica Portuguesa e também nas consciências da malta jovem. Gostei particularmente da Via-Sacra transmitida do altar do Parque Eduardo VII, com a encenação entre cada estação e a mensagem forte de Francisco “todos”, “todos”, “todos”, referindo-se à Igreja enquanto mãe que acolhe cada um e todos sem excepção. A este propósito, não quero deixar de dizer que considero o trabalho artístico deste altar, superior ao da Expo que julgo ter custado o dobro. 

Justamente, neste local, afluíram 1 milhão e quinhentos mil peregrinos, um record nunca visto, sob temperatura acima dos quarenta graus. Lá tiveram lugar a Vigília e a derradeira missa dita de Envio, concelebrada por 30 cardeais, 700 bispos e 10 mil sacerdotes. Gostei muito da missa cantada, julgo que expressamente composta por Manuel Fernandes Gonçalves e dirigida pela maestrina Joana Carneiro. Já o que disse Sua Santidade e que tanto impressionou os presentes, não foi nada de original. Aquela “não tenham medo”, já tinha sido anunciada por João Paulo II, julgo que em França, “non avere paura” e a outra de olhar de cima para baixo quem necessita de ajuda, se não estou enganado, pertence a George Orwell. Dito isto, não quero desmerecer o Papa Francisco, embora o veja como alguém que domina a imagem e é politicamente interessado na... política. Não aprecio (já aqui disse e reforço) a sua posição face à guerra na Ucrânia. O PCP apreciou a sua presença e inocência no nosso país, talvez porque tenha encontrado muitos pontos de convergência. 

         - Contudo, devo confessar as minhas dúvidas sobre tudo quanto perpassou pelas Jornadas Mundiais da Juventude. Ainda o Papa se encontrava entre nós, já os homossexuais eram escorraçados de todo o lado. Não só do parque Eduardo VII, mas de uma missa celebrada pelo nosso querido Bento Domingues. À missa estariam uns quantos católicos homossexuais (como me recordo do sofrimento de Julian Green por se sentir fora da Igreja e do bom apoio do padre Couturier que nunca o abandonou), quando uns sacripantas entraram na igreja para os enxotar. A polícia foi chamada a intervir. 

         - Eu acompanhei os registos televisivos pela SIC. Não suporto aquela personagem, dita escritor e o melhor depois de Aquilino Ribeiro segundo João Soares, naquele tom e sobredosagem visual, que diz ter aprendido na BBC de Londres, até a piscadela de olho ridícula no final do telejornal, tudo bem assimilado. Prefiro mil vezes a sobriedade, competência, elegância de Bento Rodrigues. Para mim é neste momento o melhor jornalista de todas as cadeias televisivas. Pena que as ditas jornalistas coadjuvantes, sejam tão medíocres, e interroguem as pessoas quando no seu recolhimento espiritual, “Então, está a gostar?”, “De onde vem?”, “Quantos vieram consigo?”, banalidades destas. 

         - Apesar do calor ou talvez por isso, o meu vizinho não pára de sulfatar a vinha com todos os químicos que inventa ou lhe permite a lei. Anda aí um homem há dias (domingo incluído) sob altas temperaturas, a regar de compostos químicos este oceano de vegetação. Tenho pena dos que apreciam aquilo a que “chamam um bom vinho”, que mais não é que uma injecção de produtos químicos prejudiciais à saúde. As abelhas quase desapareceram e as poucas que vejo, trato-as como divindades.