quinta-feira, agosto 24, 2023

Quinta, 24.

E vão não sei quantos porque já lhe perdi a conta. A Rússia do ditador Putin desceu ao tempo das cavernas, à pré-história humana. Desta vez despachou de uma assentada  dez adversários políticos, entre eles o seu cozinheiro de outros tempos, o líder da Wagner senhor Yevgeny Prigozhin. Foi simples. Enfiou-os num jacto privado que levantou voo na direcção de São Petersburgo e explodiu a norte da capital. Este homem teve a morte que decerto esperava ter, pois quem com ferros mata com ferros morre. O senhor que se segue é, naturalmente, o nazi dirigente  da Federação Russa. 

         - Por falar no bicho. A Índia conseguiu esta quarta-feira aquilo que a Rússia não almejou: pousar no lado escuro da Lua. Mais uma derrota para o cruel nacional-socialista e uma vitória para a democracia. 

         - Ontem passei o dia às voltas em Lisboa. Depois do café tomado no sítio do costume com os costumeiros, fui ao Colombo - verdadeiro lugar de horrores, onde saltita uma turba de gente desocupada enchendo corredores, restaurantes, praças, num dolce far niente que nos interroga. O motivo que me lá levou foi a compra de uma mesa de jardim que substitua a de madeira que está muito usada. Encontrei o que procurava, e estou a reflectir se vale a pena gastar 400 euros. Bom. 

         - Dali fui dar um salto ao lar onde se encontra a nossa amiga Teresa Magalhães. Não a reconheci: cabelo cortado, esfinge de morte pousada sobre os lençóis, um tubo de oxigénio no nariz, os eternos gritos que voltaram e confrangem quem se aproxima. Falei-lhe, apertei-lhe a mão, mas (julgo) que não me reconheceu. Ali fiquei a fazer-lhe companhia, a meditar sobre a vida e o nosso fim, a nossa finitude. Ao fim de um quarto de hora, levantei amarras – falar para um corpo sem vida, que espera o minuto derradeiro, é coragem que exige um calvário de crenças e certezas. Passar para o outro lado, num país desorganizado, onde a vida vale o que vale, isto é, coisa nenhuma, sobretudo quando exangue de tanto trabalho e preocupações. Morrer em Portugal, é morrer duas vezes – de vergonha e humilhação, de desprezo e desumanidade. 

         - Resultado de tanto calcorrear: 8728 passos; 6 lances de escadas subidos.