domingo, agosto 20, 2023

Domingo, 20.

A seguir a demoradas regas, tomado o duche, fui a Setúbal assistir à missa das nove na belíssima capela do Senhor do Bonfim. Cheguei sobre o começo, o templo já a abarrotar de fiéis. Pensei ser obra das JMJ mas, olhando em volta, vi apenas três jovens no meio do coro de velhas e velhos. As raparigas e os rapazes, devem ter preferido a praia. Deus também vai a banhos. A propósito, tenho a registar um valente chocho da rapariga que estava a meu lado, quando surgiu aquela modernice de saudações antes da Comunhão. Como não esperava tal gesto, assustei-me e recuei. Mas a beijoca ficou marcada na minha face esquerda. Acalma-te, rapaz - não foi o beijo de Judas.  

         - Estive a ler a entrevista que o nosso precioso sociólogo, Boaventura, deu ao DN a propósito daquela merdelhice de cama que as feministas tanto gostam. A dada altura, interrogado sobre o tema, ele afirma: "Sou quase a única voz em Portugal contra a guerra na Ucrânia. Fui muito contra a invasão ilegal da Ucrânia pela Rússia. Mas sei que esta guerra foi provocada pelos EUA para neutralizar a Rússia - e para tentar neutralizar a China. (...) O que tenho dito causou escândalo e havia interesse em calar-me. E de facto calaram-me." Se o conseguiram calar, foi um favor que lhe fizeram e a todos nós. Primeiro, porque ele não é o único a condenar a invasão da Ucrânia. O João Corregedor e todos os camaradas do PCP também estão do seu lado. Segundo, porque as contradições desta gente imobilizada nos Anos Sessenta são abissais e não se dão conta. Veja-se: ele foi contra a invasão da Ucrânia levada a cabo por Putin, mas atribui o crime aos Estados Unidos “para neutralizar a Rússia”. É de doidos tal visão. Ou talvez não. Porque os comunistas mantêm esta permanente barreira: ou se está a favor do regime nazi russo e contra a América ou vice-versa. É uma rega dogmática e simples para caber na cabeça dos militantes na sua maioria velhos sem cultura – o dito proletariado, hoje traduzido pelo "nosso povo”. O mais difícil de entender é como podem eles defender um ditador igual a tantos outros que estão sepultados no mofo da História, e terem combatido no seu país outro ditador que se lhe assemelha. Só posso tirar esta conclusão: há tantas ditaduras consoante as ideologias e os interesses. Que faz a liberdade e os direitos humanos no meio desta marmelada? Ora! 

         - Mas não se pense que só o senhor Boaventura Santos tem esta bizarra visão dos factos. Também o parlapatão e corrupto Sarkosy traduziu em livro as suas confrangedoras ideias sobre o caso. Ele propõe um referendo sobre os territórios ocupados, incluindo a Crimeia. Quer dizer, quando um país qualquer invade outro soberano e independente, segue-se um referendo para ver quem passa a dominar o quê. Isto porque “qualquer regresso ao que era antes é uma ilusão”, Sarkosy dixit. E saiu-se com esta boutade: “Vladimir Putim não é irracional. Que quer o ex-líder francês com este passo à frente? A estar atento. O homem devia estar na prisão, mas ao que parece anda à solta, provavelmente incumbido de fazer a divisão dos europeus. 

         - Que Putin é um derrotado, é um facto visto de qualquer ângulo. Ou será que também pertence aos Estados Unidos a entrada na NATO dos Países Baixos que com a Dinamarca estão hoje na linha da frente para fornecerem aviões caças F-16 à Ucrânia antes, portanto, dos EUA?