quarta-feira, agosto 16, 2023

Quarta, 16.

Depois do almoço no Adega da Mó com o João Reino, instalei-me no café da Fnac para mergulhar no romance. Trabalho lento, mas consistente. Esta semana ainda não passou um dia sem trabalhar, entre o romance e este diário, pelo menos quatro horas. Ninguém imagina o bem que este ritmo me faz. Sem a escrita não posso viver ou viverei carregando um manto pesado de tristeza. Preciso tanto daquelas horas, a sós com as minhas personagens, a escutar-lhes os sentimentos, a demorar-me no seu convívio pelas lentas e frescas manhãs deste Verão tórrido. É tudo tão imprevisto e muita da acção, surge na volta de uma frase, no lampejo de uma ideia, no fundo de um pensamento vindo à tona pela força da indispensabilidade da quietude e solidão que acompanha a criação. A minha família é esta que eu crio e recrio em cada hora do dia. Doutra não necessito, porque esta abastece de fundamental a minha existência.