terça-feira, dezembro 06, 2022

Terça, 6.

Vou transcrever o que recebi por computador do Jornal Público: “Magistrado recebeu durante mais de três anos e meio salário bruto de 5600 euros sem trabalhar. Voltou ao Ministério Público já depois da primeira condenação, após uma longa licença sem vencimento. O procurador Orlando Figueira (é dele que se trata), condenado a seis anos e oito meses de cadeia há quatro anos por ter sido corrompido pelo ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente no âmbito da Operação Fizz, foi finalmente demitido do Ministério Público.” Maravilhosa justiça, bom e terno país que dá a ganhar aos corruptos duplamente. Vale ou não vale a pena o crime? 

         - O Irão continua na ordem do dia. Os números oscilam entre 300 e 500 mortes nestes últimos três meses de celebração da liberdade e em memória de Mahsa Amini. Os estudantes e a população já pedem nas ruas o fim do regime medieval. 

         - Por cá é o desespero. Não me recordo de nada semelhante. A impressão que tenho, é que fomos abandonados à nossa sorte e o Estado de Direito é uma fantasia. Nos hospitais chega-se a esperar para ser atendido 11 horas! Os funcionários públicos viraram barões que tudo exigem ao cidadão: marcação por telefone, por computador, em número restrito porque suas excelências não se podem cansar; os médicos folgam nos fins-de-semana e deixam para trás parturientes e débeis queixosos, receosos do pior agonizando na dúvida e na dor; as greves voltaram, mas curiosamente sempre às sextas-feiras; os sites dos organismos públicos têm números de telefones que não funcionam, páginas cheias de patuá inútil, mails desconfigurados, tudo sem préstimo com o intuito de impedir que o cidadão os importune; o sacristão anunciou que a inflação desceu ligeiramente, a DECO diz que subiu há uma semana 35 euros; o Governo de Costa está em festa: foi a representação mais assídua e numerosa no Qatar de entre qualquer outra da Europa. Somos ricos e socialistas, mandamos às urtigas os Direitos Humanos. 

         - A propósito. Neste país de coisinhas e coisinhos, o que importa e nos dá o pão de cada dia, é o ex-melhor jogador da FIFA. O homem mandou para o C... o treinador, exibindo a arrogância que o caracteriza, e expondo a choldra que foi a sua educação, os seus princípios, a sua matriz vulgar e ordinária. Andou bem Fernando Santos ao pô-lo ao mesmo nível dos demais. A importância que o dinheiro confere a um sujeito inculto, é impressionante e ridícula. Vá para as arábias governadas por ditadores que, como ele, vendem a honra por dez reis de mel coado. Fazer depender a vida da riqueza, é não dar importância nenhuma ao seu valor.