quarta-feira, dezembro 28, 2022

Quarta, 28.

Que grande cambalacho aquele da empregada diplomada em gestão que serviu na TAP por pouco tempo. Afinal não havia contrato nenhum com a amiga da mulher do sacristão, obrigatório nos termos do Estatuto de Gestor Público, ao contrário do que se pensava. Daí a confusão gerada quando a empresa quis pô-la fora, não se sabe por que razão, e ela pediu um milhão e 479 mil euros. Os esclarecimentos da TAP sobre o assunto, são a imagem (triste) do que hoje se passa por todo o lado ligada com a complicação linguística para tapar os olhos aos incautos. A empresa aérea fala assim: “não contempla expressamente o acordo como possível forma de cessação de funções de administração, mas também a não veda”. Refere ainda que o Estatuto do Gestor Público (EGP) estabelece “uma remissão legal” para o Código das Sociedades Comerciais (CSC), e que a este aplica-se “tudo o que não se encontrar especificamente previsto” no EGP. O CSC, alude, permite o acordo de revogação. Entendem? Eu patavina. Bom. Isto é Portugal no seu melhor. 

         - Quantos oligarcas russos morreram nestes últimos dias? Não se sabe ao certo. Pelo menos três ou quatro. Quase todos rebolaram por escadas abaixo e findaram na morte. 

         - Estamos com dois dias de acalmia. Mas os entendidos prometem chuva abundante para a passagem de ano. Isto é assim: se chove a culpa é do buraco de ozono; se não chove idem; se faz calor o crime é do mesmo; se neva não há dúvida que o buraco é o principal culpado. Entretanto, a conta do Planeta, gastam e ganham-se milhões – o clima é a lotaria para milhares de aprendizes de feiticeiro.

         - Ontem no metro uma cena enternecedora. Entram três mendigos, um deles com um cão lindíssimo. Eu estou de pé, encostado à lateral junto à porta. Quando me desloco para sair, o dono do animal, chama pelo camarada apoiado a uma garrafa de litro de cerveja, e diz-lhe que se segure no meu lugar. Tudo sob uma extraordinária cena de humanidade que me emocionou. Felizmente que abandonei a carruagem e pude suster as lágrimas que ameaçavam descompor-me. Vou despachar-me para ir ao Champalimaud ver a pintura de Armanda Passos.