terça-feira, agosto 30, 2022

Terça, 30.

Não resisto a transcrever a passagem do blogue de Rentes de Carvalho que sem tirar uma vírgula, assino por baixo.   

“Vivi alguns anos no ideal romântico de ser a universidade aquela instituição que nas ideias, nas ciências e nas técnicas, tem por finalidade e dever transmitir o conhecimento e estimular o progresso.

Se bem que três décadas de docência não tenham abalado de todo essa minha utopia do instituto universitário, e mantenha alguma esperança, verdade é que do confronto com a realidade poucas ilusões me restam.

Mais do que a subserviência de boa parte dos colegas para com tudo que fosse poder ou superior hierárquico, desiludiu-me sobretudo o inesperado, e para a minha inocência improvável, maniqueísmo dos estudantes, tão prontos a negar evidências, como em insistir serem senhores e donos de soluções para o caos do mundo, bastando dar-lhes o braço e seguir com eles o bom caminho.

São os descendentes desses maoístas e terceiro-mundistas que hoje enchem a boca com os perigos do aquecimento global, a urgência de energias limpas, os malefícios do  CO2 e umas quantas novidades mais. Não aceitam que os contradigam, demonstrando um conformismo que é a negação do espírito universitário em que se educaram, do qual não se espera  obediência, mas que seja livre no ajuizar e na investigação.

Semelhante mentalidade contribui para tornar impossível o diálogo, pois os membros dessas “elites”, quase diria seitas, tendem para a histeria política, mostrando-se mais inclinados a seguir o que é moda e os ditames do grupo a que pertencem, do que os do próprio raciocínio, ou as razões alheias, o que os predispõe para uma mentalidade de carneirada.

Possuem também um inerente anseio em se manterem do lado “bom”, de sem espírito crítico ou discussão aceitarem as “boas” instituições; de verem o aspecto  “positivo” da avalanche de refugiados; de imporem os “bons” hábitos alimentares, etc.

No que respeita a energia só conhecem uma solução aceitável, a sua, em que ela é “limpa”, embora cuidem que perto donde vivem não se instalem moinhos de vento. São infalivelmente bondosos e compreensivos para com os refugiados, correm pressurosos a salvá-los das águas do Mediterrâneo, mas não os querem no seu bairro, antes se esmeram para que os acomodem longe.

Entristece constatar que, a respeito da política, das questões sociais e das tragédias dos nossos dias, muitos dos que gozaram um ensino superior se distingam por um comportamento de rebanho. E que quando, por acaso, pensam duas vezes antes de agir, não o façam para defender uma opinião pessoal, mas para evitar que os julguem dissidentes.”

         - Marta Temido encomendou à alma ao Criador. Já não era sem tempo. Estava esgotada e com razão. Só pecou por se ter agarrado ao poder demasiado tempo e contra todas as evidências de incompatibilidades e desgaste na pasta de ministra da Saúde. O seu antecessor foi um excelente ministro e sério, e teve a dignidade de sair no momento certo. Costa aceitou todo contente o pedido de demissão. Eu, enquanto cidadão e utente do SNS, devo-lhe um muito obrigado. Venha o senhor que se segue.  

         - Eu nunca duvidei da existência de Deus e tudo quanto com Ele se relaciona me comove e me apaixona. Acabo de ler um longo artigo de várias páginas no Figaro Magazine que comprova a passagem de Jesus Cristo por esta terra e a sua Ressurreição, a partir de estudos ao Sudário de Turim. Conheço um pouco o trabalho do historiador Jean-Christian Petitfils e sei do rigor que ele põe nos ensaios e nas abordagens históricas. É dele esta passagem: “Disons-le sans ambages, le saint suaire ou linceul de Turin présente toutes les caractèristiques de l´authenticité. Le doute, aujourd´hui, n´existe plus. C´est la science que le dit, car l´histoire, malheuresement, ne permet pas de remonter de façon certaine aux origines.” O linho sepulcral tem a dimensão de 4,40 m de comprimento e 1,10 m de largura, com uma cor que varia do bege  e o sépia, com todos os signos da Paixão que cobriu Jesus Cristo na noite de 3 de Abril do ano 33, após descida da Cruz. Estes dados estão confirmados por diversos ensaios feitos com carbono 14, raios X e métodos ultra-modernos e todos confirmam que a imagem tridimensional do tecido, é na realidade de um homem que aparenta ter entre 33 a 35 anos, com o corpo cheio de sequelas de suplícios análogos aos que eram praticados na época pelos romanos e são descritos nos Evangelhos. Não ignoro por outro lado, que a Ressurreição é antes de mais uma questão de fé; mas a existência de um homem com o nome de Jesus Cristo, filho de Maria e José de Nazaré, carpinteiro, morto na Cruz às ordens de Pôncio Pilatos, no reinado do imperador Tibério, está histórica e cientificamente provada. Contudo, a exegese continua.    

O Santo Sudário de Turim.

         - Tempo ameno. Mergulhei por meia hora sem mover os berlindes que me indicam os metros nadados. Quando a Piedade, perdão, perdão, quando a minha assistente operacional chegou, já eu tinha rachado e cortado um monte de lenha, depois carregada para o telheiro e só então, diante da tábua de passar a ferro, em conversa amena com a assistente, fui bebericando uma chávena de café. Que ridícula está a nossa vida colectiva! Que pelintrice! Que falsa igualdade! Os nomes do passado desapareceram, mas a escravidão continua cá.