terça-feira, agosto 23, 2022

Terça, 23.

Madame Céleste Chateaubriand que devia ter uma paciência à prova de bala para aturar o chato do marido, reflectindo sobre os pobres numa reunião de damas aristocratas: “J´entends toujours parler de l´insolence du peuple, mais je ne suis frappée que de sa patience.” Esta frase veio-me à ideia ao ouvir o povo por essas aldeias largadas aos incêndios, insurgir-se contra o abandono e o desalento dos políticos que todos os anos por esta altura soltam o rosário de promessas nunca cumpridas. Chega aqui menina Greta Thunberg, repete: “blá blá blá”. Obrigado. 

         - A generosidade do Sr. Vítor não tem limites. Ontem veio aí regular a pressão do balão que leva a água ao andar de cima de modo a que não tenha de desperdiçar litros quando quero tomar um duche quente; hoje voltou porque detectei que o alpendre anexo ao salão, está em vias de derruir devido à trave de madeira ter aberto um lenho num dos lados de apoio. Efeito do clima, das altas temperaturas que os materiais como as pessoas não suportam. Ficou escudado a meio por um barrote, depois de ter sido levantado e levado ao lugar, com o elevador do carro - engenharia inteligente do meu anjo da guarda.   

         - Ontem almocei com os portugueses que falam francês. Fi-lo por deferência, por estima aos pais com quem privei e me ajudaram quando aqui cheguei. Quanto ao mais arrastei-me sem interesse de maior, à parte a observação colectiva que não perdeu aquele jeito espontâneo de falar (os palavrões saíam na língua materna), de funcionar em grupo, perdão, em família, onde as mulheres comandam a casa, os maridos, os filhos e são as únicas que emitem opinião sobre tudo e nada. Eles fazem figura de corpo presente. Julgam-se machões, mas são passivos. Ao inverso, do que eu observo nos casais gays, o activo domina o passivo na cama e na vida tout court

         - A canícula não nos larga. Não tenho podido nadar devido às variantes de vida que me bateram à porta. Por outro lado, felizmente, a escrita tem sido quotidiana e duas, três horas são a ela consagradas. Hoje a página 94.