quarta-feira, agosto 17, 2022

Quarta, 17.

O incêndio na Serra da Estrela que lavrou mais de oito dias seguidos e ficou extinto domingo, voltou a reacender em pelo menos três pontos. Por lá andam centenas de bombeiros há três dias e não prevêem quando o dominarão. É visível que todas estas ocorrências têm mãos criminosas, seja de pirómanos ou de interesses corporativos, mas isso nunca se saberá – as máfias que pululam por todo o lado não deixarão. E nem o ministro competente do sector, será capaz de redigir um relatório livre – o Governo impede-o. Entretanto, parece que o fumo do incêndio do parque natural da Serra da Estrela chegou a Madrid, viajando 400 quilómetros à boleia dos ventos fortes. 

         - A diferença que faz vivermos em democracia! O ex-jornalista e ex-não-sei-que-mais, defende-se pateticamente de um esquema claro de interesses para toda a gente menos para ele, o bebé Nestlé e alguns (poucos) mais. Num longo artigo publicado no Jornal de Negócios (pois onde haveria de ser!), defende-se o grande economista e visionário, senhor Sérgio Figueiredo, dizendo, grosso modo, que quem perde não é ele, mas o país. O patrão que o contratou sem concurso publico e nítida falta de respeito pela competência dos homens e mulheres que trabalham no seu ministério, diz que compreende muito bem as razões da renúncia ao cargo por ele proposto a ganhar mais que o salário dos ministros. Mas a isto contrapõe o iluminado ex-não-sei-o-quê: os ministros em Portugal ganham mal. Ele, (não sei se socialista), não disse: Em Portugal quem ganha mal é a turbamulta de empregados escravos do sector privado, que não faz greves; os reformados que não têm vida digna; os agricultores que trabalham sem sindicato e de sol a sol; e até os cientistas que nos preparam o futuro sem pensarem demasiado nos cifrões; para não falar nos dois milhões de pobres que não pertencem a ninguém nem merecem um pensamento do insubstituível técnico que Medina queria obsequiar. Com esses nenhum dos socialistas que nos governam, nem os outros políticos que se esguelham para alcançar o poder, se preocupam. Em meio século de democracia, estamos praticamente como antes nos encontrávamos: miseráveis, tristes, lúdicos, ignorantes, subservientes, a assobiar para o lado como se a vida fosse um projecto colectivo vivido no equilíbrio. A arrogância e a prepotência da maioria oferecida pelo povo aos socialistas, traz cada vez mais a tona o carácter que nos querem esconder. 

         - No Brasil começou a campanha para a presidência. Vão a jogo o idiota Bolsonaro e o corrupto Lula. Este fala, se ganhar, em instaurar o comunismo – coisa que nunca Álvaro Cunhal ou Jerónimo de Sousa ousaram apregoar embora o desejassem. Entre um e outro, o diabo que escolha.