domingo, agosto 14, 2022

Domingo, 14.

O desespero leva a Ucrânia e a Rússia a brincar com o fogo. Os confrontos que ambos fazem junto à central nuclear de Zaporija, não vai acabar bem. Quando menos se espera, vai tudo pelos ares e nenhum fica para reclamar vitória.  

         - Os incêndios não nos largam. Todos com mão criminosa, como no caso do da Serra da Estrela, que começou às três da madrugada do dia 6 e só ontem ficou dominado. Entretanto, arderam 14.156 hectares. Manuel Franco da associação ambientalista Guardiões da Serra da Estrela, diz que 95% destes são dentro do Parque Natural. O espantoso, é que os responsáveis repetem aquilo que disseram e prometeram fazer o ano passado, há 3 anos, há 5 anos, há 10 anos. Como se chama a isto, menina Greta Thunberg: “blá blá blá”. É isso.  

         - É tão triste o povo que Marcelo diz ser o melhor do mundo. Do que ele gosta é de porrada, ordem, farda e assim. De contrário, não dava 30% de intenções de voto ao almirante das vacinas. Este perfila-se a medo, apalpando terreno. Todavia, vai dizendo as razões de uma tal preferência idiota, estas: “Eu sou alto, visto uniforme, tenho voz de comando e sou assertivo. Só estas quarto coisas (coisas ?) ajudam logo o processo. Faço o que tiver que fazer e sou impiedoso com os malandros.” É este o quadro que o “bom povo” engrandece para o cargo de Presidente da República - curiosamente o oposto de Marcelo Rebelo de Sousa. Um povo tatibitates; e uma classe política incompetente em toda a linha ao ponto de um oficial de marinha vir fazer o trabalho que ela não foi capaz de levar a cabo.  

         - O director do Público, no número de ontem, ante a possibilidade de a democracia poder sobreviver, diz: “Instilar na sociedade a ideia de que o Governo mente por natureza, que o jornalismo é uma fábrica de fake news, que os políticos roubam e os juízes são corrompidos, como Trump sempre fez, leva aonde a América está hoje. A um vazio de referências onde os ditadores, os mentirosos e a corrupção prosperam.” Há aqui um contrassenso. Justamente a América está como está porque houve um presidente que fez tudo aquilo que Manuel Carvalho pretende esconder para, como diz, salvar a democracia. O povo não introduz coisa nenhuma, não inventa nada, sofre e cala-se, tudo está no mundo político oportunista dos que nos governam. Por favor, não nos calemos. Somos nós com espírito crítico, vigilância atenta, denuncia permanente os salvadores da democracia. O articulista, com rasurados destes, faz o jogo dos ditadores, oligarcas e arrogantes. A própria vida brota da revolta e do inconformismo. 

         - Há três dias que comi o primeiro figo de mel. De então para cá, todos os dias , corro as figueiras em demanda dos que amadurecem, numa disputa com a passarada que me leva vantagem. Como já tenho tanta quantidade, vou ter que me meter ao fogão a transformá-la em compota. Mas como e quando se há tanta coisa a fazer por aqui?! 

         - Ontem acabei por entrar piano, pianíssimo no aquário: a água bulia mas da agitação que o miúdo provocava doido de felicidade. Foram de uma assentada, 200 metros. Depois, deitado na chaise long, o sol quente sem queimar, fiquei hora e meia submerso no silêncio do manto de um azul intenso e eterno, terra e céu em harmonia.

         - Apesar da doideira da cabeça, o facto é que tanto ontem como hoje foram dois dias supremos no romance. Avancei quatro páginas e vou ter de interromper porque chegado a um quarto do livro, tenho que rever o que ficou para trás, de modo a não perder o fio à meada. Não o faço com vontade, porque tenho sempre a sensação que os dias em estado de graça são tão escassos, que não posso desaproveitá-los. Pelo contrário, devo empenhar-me em galopar, mesmo correndo o risco de o fio condutor me levar ao desnorte.