Domingo,
30.
Vou
atirar-me a caiar a entrada da quinta incentivado por um velhote que vive numa
casa apalaçada à entrada desta zona de quintas. Meti conversa com ele na ideia
que seria pintor de construção civil, mas é o proprietário. Tem 92 anos e
durante três dias andou a limpar em volta a erva daninha e depois meteu mãos à
obra de caiar o muro. Convidou-me a ver o jardim, magnificamente tratado por
ele, e só há cinco anos fez a piscina no centro de uma grande área com árvores
de fruto. Sempre viveu só e nos últimos tempos juntou-se-lhe a filha. Do
portão, quem passa, não imagina a beleza e o espaço daquilo tudo embelezado
pela paixão de um homem que é verdadeira a imagem de um país cada vez mais raro.
- A menina do BE e mais uns quantos
cómicos que gastam à tripa-forra, implora a protecção do Planeta. Fazem-me
lembrar aquele que foi ministro da Ecologia de Chou Chou, Nicolas Hulot. O
homem, como muita desta gente que apregoa amor à Terra e treme pelo buraco de
ozono, possuía quatro carros e não sei quantos apartamentos a esta canhota gente, costuma-se
apelidar de caviar e champanhe ou por outras palavras: faz o que eu digo e não o
que eu faço.
- 34,6 º marcava o termómetro esta manhã –
estou moribundo. Desde que a praga chinesa entrou no nosso país (reparem que
não digo como os políticos “neste país”) que meço duas vezes ao dia a
temperatura corporal. Regas e aspiração da piscina, o habitual. Trabalho
moroso, chato, à força de braços. Depois, intervalo para ler o jornal e recomeçar
o dia sob outros signos; cavaquear no terraço debaixo do guarda-sol com a minha
velha amiga dos tempos da Latina. O vento passou e ela já chegou...