Terça, 28.
É a
praga estival, a altura em que Portugal inunda com catastróficas imagens as
televisões internacionais – os incêndios. Idanha-a-Nova está em brasa, como já
estiveram outros milhares de hectares de serra. Um ou outro bombeiro morreu em
acidente de trabalho, a maioria parece ter sido fogo posto – o habitual.
- As mulheres de Zuckerberg quando
acordei pelas sete da manhã e abri a janela do quarto, já estavam debruçadas
sobre a vinha, no tric-tric facebookiano. Nunca ouve um minuto de silêncio até
ao meio-dia, altura em que abalaram atarantadas de calor. Nem elas se calaram
um segundo, nem o capataz que falava pelos cotovelos. Estas cegarregas tecem
com seu canto as invejas que correm à desgarrada nas ditas redes sociais.
- Quando cheguei ao cimo da estação Metro-Chiado, passada a portinhola, antes de subir as intermináveis escalas
rolantes, deparo com um rabinho bem feito assomando dos calções leves, que não
pude identificar a quem pertencia, estando a personagem de costas a tomar café
ao balcão do stand que ali existe. Parei, hipnotizado e a pensar no amor entre
sebes, campos de milho, dunas e todos esses sítios solitários que o vento varre
de epopeias em consagração das delícias que o corpo em tempo de pandemia sem
olvidar aparta. Depois, para sossegar os sentidos em rebuliço, disse: “Que
interessa a tentação se não podemos pecar.”
- Que bem se esteve hoje na esplanada
da Brasileira! Apareceu o Guilherme entre outros com quem estive à conversa até
tarde. Ele convidou-me para ir almoçar ao Aqui Há Peixe, perto do Teatro da
Trindade. Recusei porque é caro e sempre que lá vou esbarro com ex-ministros e
aquelas adendas dos secretários de Estado. É uma clientela barrenta, oleosa de
importância, que ele corteja porque vende mais facilmente a sua pintura. Percebo
e até aceito, mas não me unto daquela relevância.