Domingo,
19.
A
catedral de Nantes parcialmente destruída pelo fogo. A Polícia não afasta a
ideia de crime atendendo aos vários focos de deflagração. Visitei-a sempre que
ia ao Loire e ficava horas a admirar os vitrais góticos julgo do séc. XVI.
- Os países ditos “frugais” (gosto do
epíteto) como lhes chamam – Holanda, Áustria, Dinamarca, Suécia - têm feito
frente aos outros como Portugal que gastam à tripa-forra, no acerto do montante
para fazer frente à pandemia do coronavírus. Estão todos reunidos há três dias
em Bruxelas e não há meio de sair fumo branco. Eu estou inclinado a dar razão
àqueles que economizam, gastam com contenção e vêem longe das aflições
imediatas dos governos do sul. Entre nós não existe verdadeiramente tecido
empresarial. O que vejo é o eterno desenrascanço bem nacional e a vontade feroz
de consumir, de obter dinheiro imediato, cujo exemplo foi o último filão o
turismo. Pôr nas mãos da empresas milhares de euros é perder o rasto ao
dinheiro. Há por aí muito boa gente vigilante para sacar o máximo. E o Governo
também precisa dos milhões para lavar a face e voltar a ganhar as eleições. Mas
aos pobres só chegam como de costume os restos.
- Tenho passado todas estas noites e
dias sufocantes dormindo como um bebé. Mas há duas noites acordei às três da
manhã alagado de transpiração, o quarto num forno. Estranho. Todavia, a noite
passada foi terrível, não por causa do calor, mas das dores na perna que não me
deixavam descansar. Estive ao serão de gelo no joelho pensando que a coisa amainava
e nem me lembrei de tomar um Ben-u-ron. Esta manhã, agarrado às paredes desci
do quarto e, tomado o pequeno-almoço, enfiei anti-inflamatório. Pior ainda,
tratando-se do fim-de-semana com regas e outros trabalhos mais vastos, estou
circunscrito à chaise longue.