domingo, julho 19, 2020

Domingo, 19.
A catedral de Nantes parcialmente destruída pelo fogo. A Polícia não afasta a ideia de crime atendendo aos vários focos de deflagração. Visitei-a sempre que ia ao Loire e ficava horas a admirar os vitrais góticos julgo do séc. XVI.

         - Os países ditos “frugais” (gosto do epíteto) como lhes chamam – Holanda, Áustria, Dinamarca, Suécia - têm feito frente aos outros como Portugal que gastam à tripa-forra, no acerto do montante para fazer frente à pandemia do coronavírus. Estão todos reunidos há três dias em Bruxelas e não há meio de sair fumo branco. Eu estou inclinado a dar razão àqueles que economizam, gastam com contenção e vêem longe das aflições imediatas dos governos do sul. Entre nós não existe verdadeiramente tecido empresarial. O que vejo é o eterno desenrascanço bem nacional e a vontade feroz de consumir, de obter dinheiro imediato, cujo exemplo foi o último filão o turismo. Pôr nas mãos da empresas milhares de euros é perder o rasto ao dinheiro. Há por aí muito boa gente vigilante para sacar o máximo. E o Governo também precisa dos milhões para lavar a face e voltar a ganhar as eleições. Mas aos pobres só chegam como de costume os restos.


         - Tenho passado todas estas noites e dias sufocantes dormindo como um bebé. Mas há duas noites acordei às três da manhã alagado de transpiração, o quarto num forno. Estranho. Todavia, a noite passada foi terrível, não por causa do calor, mas das dores na perna que não me deixavam descansar. Estive ao serão de gelo no joelho pensando que a coisa amainava e nem me lembrei de tomar um Ben-u-ron. Esta manhã, agarrado às paredes desci do quarto e, tomado o pequeno-almoço, enfiei anti-inflamatório. Pior ainda, tratando-se do fim-de-semana com regas e outros trabalhos mais vastos, estou circunscrito à chaise longue.