segunda-feira, julho 13, 2020

Segunda, 13.
Sábado passado, na praia do Tamariz cheia de gente, um grupo de jovens montou uma rixa que terminou com dois outros feridos à facada. Um deles, ao que consta, devia ter 16 anos! Que juventude é esta para quem a vida humana não tem qualquer valor? E as forças de segurança, incluindo os vigilantes sazonais, não travaram o acontecimento antes de ele redundar naquela agressão que podia ter custado vidas? Mesmo em tempo de Covid-19 quando é suposto os lugares públicos estarem vigiados, acontecem cenas canalhas como aquelas que se viram na televisão. O tipo do Chega aproveitou a deixa para dizer que quando for ele a governar o país, “o Tamariz e outros locais afins ficarão limpinhos, limpinhos” e preveniu: “Não haverá sequer hesitação na poderosíssima resposta policial!” A esquerda que se cuide. Se cresce o sentimento de insegurança, crescem na mesma proporção as forças de direita. O campo é propício.

         - Já aqui me referi e volto a fazê-lo pela surpresa que me causa. Apesar dos grandes calores destas duas semanas, este ano não há mosquitos e moscas quase nada. Terá todo este mundo voador morrido de Covid-19? Em compensação, o bater das asas das abelhas zune por todo o lado. São enxames a invadir os espaços mais frescos. Na piscina flutuam mortas às dezenas.  

         - Tristan Laffon no ensaio que acabei de ler, insiste no amor platónico entre Green e Robert. Não se percebe. Talvez a ligação carnal não fosse um mar de rosas, mas que os dois escritores foram apaixonados, disso não dúvida absolutamente nenhuma. De contrário, leia-se o que Julien Green anota no seu Diário (uma entre centenas de entradas). 18 de Janeiro de1933: “A 9 heures et demie. Froid vif ces jours-ci. Je dors avec mon Bobby (à americana) aimé. (...) je l´ai sucé ensuite pendent qu´il m´enfonçait un doigt dans le cul et j´ai avalé son foutre puis il m´a branlé. Rarement l´amour m´a autant plu, rarement nous nous sommes désirés autant.” (pág. 543), ed. Boquins.

         - Felizmente que o coronavírus não tem partido. Trump apareceu com máscara preta e Bolsonaro também, este atacado já pelo bicho. O garanhão que levou milhares de pessoas a ficar infectadas na América e à morte, é o tal que com o mesmo desplante, pôs de lado o sermão que lhe serviu de esteira, e aparece como se fosse o mais inveterado defensor dos cuidados de higiene e prevenção. Assim vai a política nestes tempos em que qualquer alarve endinheirado tem acesso ao poder e a dirigir o mundo à sua maneira discricionária e arrogante. Ninguém governa hoje com ideologias ou princípios e por isso o mundo foi abandonado aos obtusos e corruptos. Uma parte da juventude, segue-lhe os passos.


         - 38 graus. Silêncio – o campo asfixia sob o peso do calor. Esta manhã entrei na página 13 com enorme esforço. Dizem que o esforço força a inspiração. Mentira.