Segunda,
13.
Sábado
passado, na praia do Tamariz cheia de gente, um grupo de jovens montou uma rixa
que terminou com dois outros feridos à facada. Um deles, ao que consta, devia
ter 16 anos! Que juventude é esta para quem a vida humana não tem qualquer
valor? E as forças de segurança, incluindo os vigilantes sazonais, não travaram
o acontecimento antes de ele redundar naquela agressão que podia ter custado
vidas? Mesmo em tempo de Covid-19 quando é suposto os lugares públicos estarem
vigiados, acontecem cenas canalhas como aquelas que se viram na televisão. O
tipo do Chega aproveitou a deixa para dizer que quando for ele a governar o
país, “o Tamariz e outros locais afins ficarão limpinhos, limpinhos” e
preveniu: “Não haverá sequer hesitação na poderosíssima resposta policial!” A
esquerda que se cuide. Se cresce o sentimento de insegurança, crescem na mesma
proporção as forças de direita. O campo é propício.
- Já aqui me referi e volto a fazê-lo
pela surpresa que me causa. Apesar dos grandes calores destas duas semanas,
este ano não há mosquitos e moscas quase nada. Terá todo este mundo voador
morrido de Covid-19? Em compensação, o bater das asas das abelhas zune por todo
o lado. São enxames a invadir os espaços mais frescos. Na piscina flutuam mortas
às dezenas.
- Tristan Laffon no
ensaio que acabei de ler, insiste no amor platónico entre Green e Robert. Não
se percebe. Talvez a ligação carnal não fosse um mar de rosas, mas que os dois
escritores foram apaixonados, disso não dúvida absolutamente nenhuma. De
contrário, leia-se o que Julien Green anota no seu Diário (uma entre centenas
de entradas). 18 de Janeiro de1933: “A 9 heures et demie. Froid vif ces
jours-ci. Je dors avec mon Bobby (à americana) aimé. (...) je l´ai sucé ensuite
pendent qu´il m´enfonçait un doigt dans le cul et j´ai avalé son foutre puis il
m´a branlé. Rarement l´amour m´a autant plu, rarement nous nous sommes désirés
autant.” (pág. 543), ed. Boquins.
- Felizmente que o
coronavírus não tem partido. Trump apareceu com máscara preta e Bolsonaro
também, este atacado já pelo bicho. O garanhão que levou milhares de pessoas a
ficar infectadas na América e à morte, é o tal que com o mesmo desplante, pôs de
lado o sermão que lhe serviu de esteira, e aparece como se fosse o mais inveterado
defensor dos cuidados de higiene e prevenção. Assim vai a política nestes
tempos em que qualquer alarve endinheirado tem acesso ao poder e a dirigir o
mundo à sua maneira discricionária e arrogante. Ninguém governa hoje com
ideologias ou princípios e por isso o mundo foi abandonado aos obtusos e
corruptos. Uma parte da juventude, segue-lhe os passos.
- 38 graus. Silêncio
– o campo asfixia sob o peso do calor. Esta manhã entrei na página 13 com
enorme esforço. Dizem que o esforço força a inspiração. Mentira.