Domingo,
12.
A
semana passada no canal Arte e ontem no TV5Monde, assisti a concertos de música
clássica e ligeira de alto gabarito. Através da parabólica, posso enriquecer-me
e fugir à merdalhice do futebol, dos concursos, das telenovelas e dos programas
ditos de entretenimento que são de um vazio de bradar aos céus. Dizem os
directores de programação dos quatro canais nacionais de televisão, que é isto
que o pagode gosta. Mas como podem eles ter tanta certeza, se não lhes dão
outra coisa! Do futebol à brejeirice, tudo pode entreter. O problema está na
alienação e no facto de porem milhões de pessoas diante da TV como se
estivessem a comer ração estragada à manjedoura. Eu não vejo televisão – vejo
programas.
- Domingos são os dias de maior labor.
Aproveitando a energia chinesa um pouco mais barata, redobro o trabalho que me
obriga a utilizá-la: limpeza manual da piscina, regas mais prolongadas, toda a
grande zona de laranjas e limões abundantemente irrigada, um prato no forno para
arquivo no congelador consumido durante a semana. São mais de três horas de
trabalho árduo. Li um extenso ensaio de Tristan de Laffon sobre as peripécias de
publicação do Journal Intégral de
Green, cujo primeiro volume de 1400 páginas li em Janeiro deste ano. São 17
horas e 1 minuto. Vejo o concerto clássico no Arte dirigido por Morricone. Está
tanto calor que não ouso ir nadar.