Quarta,
1 de Julho.
A
vida anda muito desmembrada e neste descontrolo tudo soçobra. É um daqueles
períodos em que me ausento não só de mim, como dos grandes suportes que me equilibram.
Todos os amores são inúteis, a paixão pelo quotidiano vai lá longe ao infinito
da existência trazer uns restos de luminâncias que não se aproximam nem me
encorajam. Como se estivesse parado no mar alto sabendo que a morte está
próxima e não há vivalma que me socorra. Ao redor água e mais água e eu aflito
sem saber nadar. E mesmo sabendo de que me serviria?
- O reconfinamento instala-se a pouco
e pouco. Um volte face surpreendente nas ambições do Mágico, da economia e de
todos os que põem o lucro à frente de tudo.
- A família Black reapareceu em força
dissipando uma certa angústia que a ausência do chefe da prole me causou. Só
agora reparo nas botas brancas que um dos bebés (o que andou desaparecido)
calça. Ficam-lhe muito bem porque tudo o resto é de um negro de veludo. Não
saem de ao pé da porta, mas quando me aproximo demais, tenho o protesto de
focinho arreganhado da Blacka. Bref. 20
horas e 4 minutos.