Sexta
16.
No
afã da preocupação com os outros, às vezes caio na armadilha de certos passos
em falso. Foi o caso outro dia no Fertagus. Uma senhora estava encostada ao
corrimão de acesso à plataforma de baixo da locomotiva e parecia cansada e
estar de bebé. Disse-lhe que se sentasse no banco ao meu lado para pessoas
deficientes e no seu estado. Ela olhou-me do fundo dum sorriso enigmático e
recusou – era, pura e simplesmente, barriguda.
- O JN diz que os socialistas foram os
menos produtivos na Assembleia. Que novidade! Não se pode ser bom em tudo. A
especialidade deles e onde se aplicam e são excelentes é na propaganda.
- Disseram o pior possível do
porta-voz dos grevistas, inclusive, Corregedor chegou a dizer-me que ele tinha
processos em tribunal devido a empresas que faliram e deixaram trabalhadores em
apuros, não era advogado, enfim, toda a sorte de insultos que o ódio desfia.
Como se o campo de Costa fosse o reino dos virgens e não houvesse nenhum
camarada na barra dos tribunais. Quanto a sindicalistas impolutos, ocorre-me o
socialista Torres Couto, lembram-se dele?
- Esta semana, não obstante ter ido a
Lisboa, apesar dos telefonemas do António Carmo, fui menos que habitualmente,
escapando aos comícios do grande educador da classe operária...
- Parece que as forças esmoreceram aos
bravos camionistas de matérias perigosas. Tudo indica que, com a falta de
solidariedade e traição dos camaradas ligados à CGTP, eles já pouco podem fazer
naquele caldeiro de víboras. António Costa sai disto embuçado de filantropo, e com
o socialismo e a liberdade muito amachucados. Veremos nas urnas se não sai todo torto.