sexta-feira, agosto 30, 2019

Sábado, 30.

Um artigo curioso saído hoje no Público, dá conta do estudo publicado na revista Science sobre o que é isso de ser homossexual. Este mistério, não pára de inquietar médicos, psiquiatras, sociólogos, Igreja e... polícia de costumes. À conta deste interesse que eu ia a dizer mórbido, foram assassinados milhões de homossexuais, outros ainda hoje vivem na clandestinidade, muitos milhões morreram sem terem conhecido o amor que o seu corpo e mente tanto aspiravam e necessitavam. 477 mil indivíduos entraram nesta investigação, foram consumidos anos de pesquisa, fora aqueles do século passado. E no final a conclusão é ainda vacilante: não há um gene gay. O que parece haver é factores genéticos e ambientais, quer dizer, de relacionamento que muram a actividade sexual em círculos restritos iguais. O que parece impossível é prever o comportamento sexual a partir do genoma da pessoa. Podem, portanto, os gays gritar pelo seu orgulho – que eu, fracamente, não sei o que é – escudados pela abertura social e a defesa das leis. Mas, se me fosse autorizado ter uma palavra e um conselho sobre o assunto, diria que se defendam das aparências – a sociedade, apesar do esforço da moral na tolerância, é ainda retrógrada e quando a oportunidade se apresentar actuará como fizeram no século passado os nazis e antes a Inquisição.


         Hitler, que tinha nas suas hostes muitos generais homossexuais que o ajudaram a subir ao poder e mais tarde os mandou assassinar, soube trabalhar nas experiências médicas conducentes à pesquisa do gene hereditário. Na tristemente célebre “Noite da Facas Longas” que o Terceiro Reich pôs em marcha, atirou os primeiros infelizes à fogueira. Seguiram-se milhares de outros queimados no Campo de Buchenwald, castrados, reduzidos ao cativeiro, às experiencias de Himmler. E mesmo depois da barbárie, a Segunda Grande Guerra terminada, as suas técnicas permaneceram, os homossexuais ficaram nas cadeias, eram insultados, abusados, maltratados, e só nos anos Setenta as leis foram alteradas de modo a dar liberdade ao corpo de amar de forma que a felicidade se instalasse nos sentidos, no coração e na harmonia dos dias. Contudo, muitos os espectros ainda não saíram dos armários.


Quer em Buchenwald, quer em Auschwitz-Birkenau que eu visitei,  os testemunhos não faltam.