quinta-feira, agosto 15, 2019

Quinta, 15.
Eu faço ideia a pressão, as ameaças, as coerções, que sofrem os motoristas de matérias perigosas na sua heroica etapa contra patrões sanguessugas, Governo no delírio de alcançar a maioria! Porque, à boa maneira dos políticos (tenho o exemplo constante no Corregedor), lançam a confusão, cruzam informações, baralham, mentem, inventam, caluniam de forma a que a origem do conflito se dissolva e não seja senão a mecha que se extinguiu do quadro do conflito. Pelo que se tem visto, os patrões aprenderam a falar como os governantes e como eles não hesitam em pôr o país sob catástrofes que só a eles aproveitam, como falta de combustíveis para os hospitais, bombeiros, centros de saúde, etc. Curioso, não é! Alguém os ouviu defender os doentes com operações adiadas, consultas suspensas, sofrimento e saúde a degradar-se por via das greves “cirúrgicas” dos enfermeiros e médicos? E já agora, como vão ser as futuras greves? Poderão os trabalhadores utilizar a única arma que lhes resta neste mundo onde o capital curva os políticos, escraviza os trabalhadores e reduz tudo à ganância e poder de uns quantos? E lembrar-me eu que tudo isto se passa no comando dos socialistas! Com a cumplicidade implícita dos PCP e BE que se instalaram num cobarde silêncio.

         - Só as televisões estão ao rubro. As cenas canalhas estalaram por todo o lado e elas têm, enfim, material untado do suor e da humilhação dos grevistas. Atentos, os departamentos de marketing das grandes agências de publicidade, apostam somas astronómicas antes de depois dos telejornais. É este o mundo admonitório que a democracia vende e a ditadura não conhece.


         - Quando esbarrei nestas afirmações de Pascal: “Como não sei de onde venho, também não sei para onde vou.” Pensamentos, pág. 197, tradução de Miguel Serras Pereira, Relógio D´Água; logo me ocorreu José Régio: “Não sei de onde venho /Não sei para onde vou / Sei que não vou por aí!” final de o poema Poemas de Deus e do Diabo. Decerto Régio que deve ter lido na versão original o escritor francês, quis responder à sua maneira ao mistério que o sacudia, que nos sacode a todos nós.