Quinta, 15.
Eu
faço ideia a pressão, as ameaças, as coerções, que sofrem os motoristas de
matérias perigosas na sua heroica etapa contra patrões sanguessugas, Governo no
delírio de alcançar a maioria! Porque, à boa maneira dos políticos (tenho o
exemplo constante no Corregedor), lançam a confusão, cruzam informações,
baralham, mentem, inventam, caluniam de forma a que a origem do conflito se
dissolva e não seja senão a mecha que se extinguiu do quadro do conflito. Pelo
que se tem visto, os patrões aprenderam a falar como os governantes e como eles
não hesitam em pôr o país sob catástrofes que só a eles aproveitam, como falta
de combustíveis para os hospitais, bombeiros, centros de saúde, etc. Curioso,
não é! Alguém os ouviu defender os doentes com operações adiadas, consultas
suspensas, sofrimento e saúde a degradar-se por via das greves “cirúrgicas” dos
enfermeiros e médicos? E já agora, como vão ser as futuras greves? Poderão os
trabalhadores utilizar a única arma que lhes resta neste mundo onde o capital
curva os políticos, escraviza os trabalhadores e reduz tudo à ganância e poder
de uns quantos? E lembrar-me eu que tudo isto se passa no comando dos
socialistas! Com a cumplicidade implícita dos PCP e BE que se instalaram num
cobarde silêncio.
- Só as televisões estão ao rubro. As
cenas canalhas estalaram por todo o lado e elas têm, enfim, material untado do
suor e da humilhação dos grevistas. Atentos, os departamentos de marketing das
grandes agências de publicidade, apostam somas astronómicas antes de depois dos
telejornais. É este o mundo admonitório que a democracia vende e a ditadura não
conhece.
- Quando esbarrei nestas afirmações de
Pascal: “Como não sei de onde venho, também não sei para onde vou.” Pensamentos, pág. 197, tradução de
Miguel Serras Pereira, Relógio D´Água; logo me ocorreu José Régio: “Não sei de
onde venho /Não sei para onde vou / Sei que não vou por aí!” final de o poema Poemas de Deus e do Diabo. Decerto Régio
que deve ter lido na versão original o escritor francês, quis responder à sua
maneira ao mistério que o sacudia, que nos sacode a todos nós.