Segunda,
5.
Fui,
portanto, ver o filme da passagem meteórica de Luciano Pavarotti por este
planeta. Nenhuma vida é exemplar e não devemos determo-nos a espiolhá-la. Retenhamos
apenas que somos tão frágeis e que é nessa fragilidade que reside a nossa
força. Pavarotti foi um homem bom, simples e próximo das pessoas que sofrem e
aí consiste a sua grandeza. Tudo o mais é exterior à arte que ele soube como
poucos dignificar.
- Um episódio curioso. O segurança que
aprovou a entrada, disse-me que a sala era a Um e ficava “logo ali à esquerda”.
Vi, com efeito, o número indicado e entrei já o local estava às escuras. Para
meu espanto, muita criançada, os pais a chegarem com baldes gigantescos de
pipocas e no ecrã uma série infinda de filmes de desenhos animados. Pensei que
Pavarotti seria para todas as idades e deixei-me ficar à espera que toda aquela
animação findasse. A dada altura, um trailer surge e a voz em off apresenta-o
como o filme para o Natal de 2019. Logo uma criança inteligente, exclama ao meu
lado: “Natal!” Estou nesta incerteza, quando entra um rapaz que me pergunta se
é ali que passava o filme (não percebi o nome). Respondi que não sabia, mas
que pensava ser sobre Pavarotti. Diz-me ele: “Não. Esse é na sala Um que
é de onde eu venho. Esta é a 10” Cedi-lhe imediatamente o lugar e disparei para
a sessão que já tinha começado. Que dois taralhoucos!
- No regresso o comboio apinhado de
gente. Sento-me no primeiro lugar que vejo, ao lado de um negro corpulento. O
cheiro era nauseabundo. Lembrei-me do João que teria debandado sem cerimónia.
Eu deixei-me ficar, suportando como pude o odor infecto, para não acentuar o
ostracismo habitual contra os africanos. Mas que me custou, custou.
- Uma série de ataques varreram mais
uma vez os Estados Unidos. Duas rajadas em dois pontos diferentes do país, fizeram
ao todo 39 mortes. Donald Trump promete medidas para hoje. Poderá ele investir
sobre o poderoso império das armas? Não creio. Eles ajudaram-no a entrar na
Casa Branca.
- Tenhamos, todavia, esperança. Os
povos já perceberam que é com as suas mãos que devem enfrentar os inimigos do
equilíbrio e a ganância dos governantes. Assim está a acontecer em Hong kong
onde uma multidão desceu às ruas reivindicando a democracia que a ditadura de Jinping
ping ping exerce na China e quer implementar na antiga colónia inglesa. Mas não
só. Em Moscovo milhares de pessoas defrontam outro ditador exigindo eleições
livres e não aquela dança de cadeiras entre Putin e Medvedev.