Terça, 19.
Em
Moçambique o drama dos que foram atingidos pelo ciclone, não pára de crescer.
Portugal mobiliza-se para ajudar e ainda bem. A Cruz Vermelha Portuguesa, sob a
direcção de Francisco George ofereceu 25 mil euros e o seu Presidente, um da meia-dúzia de homens sérios
e honrados em quem se pode confiar, incentiva os portugueses a contribuir,
garantindo que é ele em pessoa que se vai ocupar dos donativos, fazendo-os
chegar a quem deles precisa. Não vejo ninguém mais impoluto para o fazer neste
país. Podemos confiar nele de olhos fechados
e coração aberto.
- Lídia Jorge, a terna e excelente
escritora, falava esta manhã na Antena 2 da feira de vaidades em que por vezes
se transforma as semanas ou dias de escrita, organizadas por certas autarquias
e onde os escritores são convidados a participar. Uma pergunta frequente : “Por
que escreve?” Eu não participo nessas festas porque não sou convidado e se
fosse pensaria quatrocentas vezes antes de aceitar. As únicas ocasiões que isso
me aconteceu, se bem me lembro, a primeira foi na Faculdade de Letras quando
saiu os Fragmentos do Silêncio e a
última a convite do António Inverno para falar na escola onde ele dava aulas,
em Beja, não tendo em conta o colóquio, em Montpellier. Se a pergunta me fosse
feita (reparem que não digo colocada...), responderia: “porque não posso viver
sem escrever”, “porque quero abanar o reino da monotonia”, “da acomodação”, “do
politicamente correcto”, “do diz-bem-de-mim-para-eu-fazer-o- mesmo-de-ti”, “porque
anseio tocar a beleza nas asas translúcidas da luz”, “porque quero que os
leitores pensem, reajam, revoltem com as injustiças, a mentira”, “porque quero
que a literatura seja a superior forma de diálogo e tolerância, desafio e
silêncio capaz de sacdir as consciências”. Como vêem não sou nada modesto...
- Portugal devia ter eleições todos os
anos, mesmo que fosse para eleger o gato mais esperto ou o papagaio mais
palrador. Porque a política no nosso querido país é feita e imposta do lado dos
partidos e da abencerragem dos governantes, habitualmente montados no chico-espertismo
que há em quase todos eles. A fúria de poder, de vaidade e oportunismo é tal
que por vezes nós, seus súbditos, acabamos beneficiando daquela loucura
gananciosa. Veja-se o caso do bilhete Navegante Metropolitano, uma boa
iniciativa que tem em conta o voto popular, mas acaba por nos favorecer a
todos. Venham mais eleições e depressa, porque sem elas ninguém nota que
Portugal é habitado por portugueses. A este propósito, aconselho vivamente aos
meus leitores a leitura do artigo de João Miguel Tavares no Público de hoje – é
de antologia.
- A resposta de Macron aos tumultos de
sábado, em Paris, é a do insignificante governante, vingativo e prepotente:
demitiu o chefe da Polícia e instaurou medidas radicais para enfrentar os gilets jaunes. É não conhecer os
franceses que tem de governar.