terça-feira, março 19, 2019

Terça, 19.
Em Moçambique o drama dos que foram atingidos pelo ciclone, não pára de crescer. Portugal mobiliza-se para ajudar e ainda bem. A Cruz Vermelha Portuguesa, sob a direcção de Francisco George ofereceu 25 mil euros e o seu  Presidente, um da meia-dúzia de homens sérios e honrados em quem se pode confiar, incentiva os portugueses a contribuir, garantindo que é ele em pessoa que se vai ocupar dos donativos, fazendo-os chegar a quem deles precisa. Não vejo ninguém mais impoluto para o fazer neste país. Podemos confiar nele de olhos fechados  e coração aberto.   


         - Lídia Jorge, a terna e excelente escritora, falava esta manhã na Antena 2 da feira de vaidades em que por vezes se transforma as semanas ou dias de escrita, organizadas por certas autarquias e onde os escritores são convidados a participar. Uma pergunta frequente : “Por que escreve?” Eu não participo nessas festas porque não sou convidado e se fosse pensaria quatrocentas vezes antes de aceitar. As únicas ocasiões que isso me aconteceu, se bem me lembro, a primeira foi na Faculdade de Letras quando saiu os Fragmentos do Silêncio e a última a convite do António Inverno para falar na escola onde ele dava aulas, em Beja, não tendo em conta o colóquio, em Montpellier. Se a pergunta me fosse feita (reparem que não digo colocada...), responderia: “porque não posso viver sem escrever”, “porque quero abanar o reino da monotonia”, “da acomodação”, “do politicamente correcto”, “do diz-bem-de-mim-para-eu-fazer-o- mesmo-de-ti”, “porque anseio tocar a beleza nas asas translúcidas da luz”, “porque quero que os leitores pensem, reajam, revoltem com as injustiças, a mentira”, “porque quero que a literatura seja a superior forma de diálogo e tolerância, desafio e silêncio capaz de sacdir as consciências”. Como vêem não sou nada modesto...

         - Portugal devia ter eleições todos os anos, mesmo que fosse para eleger o gato mais esperto ou o papagaio mais palrador. Porque a política no nosso querido país é feita e imposta do lado dos partidos e da abencerragem dos governantes, habitualmente montados no chico-espertismo que há em quase todos eles. A fúria de poder, de vaidade e oportunismo é tal que por vezes nós, seus súbditos, acabamos beneficiando daquela loucura gananciosa. Veja-se o caso do bilhete Navegante Metropolitano, uma boa iniciativa que tem em conta o voto popular, mas acaba por nos favorecer a todos. Venham mais eleições e depressa, porque sem elas ninguém nota que Portugal é habitado por portugueses. A este propósito, aconselho vivamente aos meus leitores a leitura do artigo de João Miguel Tavares no Público de hoje – é de antologia.


         - A resposta de Macron aos tumultos de sábado, em Paris, é a do insignificante governante, vingativo e prepotente: demitiu o chefe da Polícia e instaurou medidas radicais para enfrentar os gilets jaunes. É não conhecer os franceses que tem de governar.