quarta-feira, março 06, 2019

Quarta, 6.
Eu estou do lado de Teresa de Sousa quando se indigna com a vaia daqueles, jornalistas e comentadores, que acusam a Segurança Social de ter pago não sei quantos milhões de pensões a defuntos ou seja às famílias dos falecidos. Quem devia ser acusado em primeiro, eram aqueles e aquelas que se abotoaram com as quantias dos seus entes mortos. Mas com isso os nossos profissionais de factos e escrita falaciosa não se importam, não faz notícia barulhenta, embora vá contra a indecência estabelecida no país e, sobretudo, nas mentalidades. Eu nunca tive ninguém que tivesse morrido a meu cargo. Apenas a Maria que governou a minha casa de Lisboa e esta durante anos com dedicação e amizade. Quando ela tombou ao peso da idade, tomei eu conta dela até ao fim. Assim que a saudosa amiga desapareceu, comuniquei à Segurança Social que gentilmente me escreveu informando-me que tinha direito julgo que a 200 contos na altura, para custas de funeral e outras que eu de todo desconhecia. Nunca reclamei a importância tomado pelo desgosto da sua ausência eterna.

         - O português Rui Pinto preso em Budapeste, aceitou com relutância ser recambiado para Portugal como lhe impõe o tribunal porque, dizia, não tinha confiança na Justiça do seu país e tinha medo de ser assassinado. A descoberta do chamado Football Leaks que veio confirmar aquilo que já se sabia, isto é, que desde as organizações – FIFA, etc. – aos jogadores e pessoal intermediário, muito deste ligado à política, vive num casulo de corrupção e ameaças mútuas, onde os milhões passam de mão em mão como sardinha na lota. Uma actividade que antes era praticada com alegria e esforço desportivo, foi transformada numa indústria atractiva onde coexistem mafiosos de alto e baixo coturno, prontamente ombreados com políticos que vêem nela o ponto de partida não só para enriquecer como para vir a governar os frágeis amantes da modalidade que no nosso país é quase a totalidade. O nosso “John” que no início cometeu alguns erros de palmatória, reprováveis de todo o ponto de vista, que me fazem agora oscilar na admiração que tenho por ele, nomeadamente, o desvio de 264 mil euros de um banco nas ilhas Caimão, que posteriormente devolveu ao Caledonian Bank, ficando, todavia, com 17 mil para si. O outro “crime” de que é acusado não me indigna absolutamente nada, sendo ele a violação da correspondência electrónica do Benfica. Rui Pinto quanto ao primeiro diz que queria testar até onde ia a Doyen; quanto ao segundo remeteu para o director de comunicação do Futebol Clube do Porto. Graças, contudo, ao nosso “John” foi possível descobrir tantos criminosos quantos os que dirigem o futebol mundial e português. Os franceses e americanos, protegem-no porque foi graças à sua inteligência (ele que não estudou informática) que os Estados puderam cobrar impostos e o mundo descobrir a rede de criminosos que varre o futebol. O Football Leaks pôs várias equipas de jornalistas a estudar o polvo; entre nós querem-no pôr na cadeia enquanto os transgressores ficam à solta. Mundo incrível este!

         - A propósito, Marcelo que podia ser um homem e um Presidente quase perfeito, com princípios de justiça baseados na Bíblia (posso? ou só é legítimo falar em Marx e Engels, Lenine e Mao) que julgo segue, sendo o Novo Testamento a mais simples e justa teoria humana, que alguns daqueles senhores foram beber, seguindo os princípios de rigor e justiça, Marcelo já devia ter retirado a Ronaldo as insígnias que nunca lhe devia ter outorgado, transformando tudo numa vulgaridade popularucha à mercê dos senhores da alienação.


         - Toda a noite choveu. Pelas sete e meia acordei, mas deixei-me embalar pela chuva a bater forte na janela e voltei para o mundo de Morfeu. Depois de alguns dias com o termómetro a bater nos 25 graus, eis que a neve cai na Serra da Estrela e o resto do país tirita de frio.