Quinta, 21.
Ontem
nos transportes públicos, não se falava
de outra coisa: a revolução, como lhe chama o Mágico, dos passes a 40
euros/mês abrangendo o Fertagus, metro, autocarros, etc. No troço entre o
Pragal e Sete Rios, umas madames que entraram e não tiveram lugar para se
sentar, traziam já a conversa engatada. Elas acertavam na mouche ao afirmarem: “Se isto está assim cheio e não temos lugares,
o que fará no próximo mês (a partir do qual entra a “revolução” em
marcha). “A mim quer-me parecer que vai
ser a bagunça, e vamos andar como sardinha enlatada” disse outra. Começou então
aquilo que me parece evidente: que o Governo não preparou as infra-estruturas
para uma tamanha e boa revolução. Aí, uma terceira, dá o tiro certeiro no
Mágico: “Quem se vai safar, é quem vier de carro. A ponte deixa de ser uma
miragem.”
- São assustadoras as imagens da
Beira. Aquelas criaturas não mereciam tanto sofrimento. Umas filmagens da TV5
Monde, dá-nos a ver uma enfiada de casas térreas com os telhados pejados de
pessoas e mais adiante várias árvores cheias de negrinhos agarrados num
equilíbrio instável aos seus ramos. O Presidente falou em 1000 mortos e talvez,
infelizmente, venha a ter razão. A dimensão da tragédia é mais profunda e
violenta que se pensava. Portugal enviou várias equipas de socorridas em muitas
áreas. Acho bem: é melhor gastar o dinheiro nestas situações que a encher os
banqueiros.
- Les Soleils révolus velho diário de Gabriel Matzneff que encontrei num bouquiniste das margens do Sena, não desbota
dos anteriores volumes (os posteriores são mais interessantes, a velhice pinta a
vida com cores mais reais) e é por si só uma chatice de todo o tamanho. São quinhentas
páginas a explicar a sua vida de valdevinos, amante das meninas de treze,
catorze e quinze anos (ele vai nesta altura nos quarentas), com quem passa
manhãs, tardes e noites enrolado na cama. Eu não sou moralista, mas acho que o
emprego de um homem com talento, para não falar das árvores que desaparecem, chafurdando
sempre no mesmo mete e tira, pela frente e por trás, ao jeito de Casanova seu mistagogo,
cansa. Como exemplificação, este trecho, pág. 109, Gallimard, que me recuso a
traduzir, multiplicada à exaustão até à 545: “Ce matin, au réveil, lorsque
Isabelle m´a fait jouir dans sa bouche, j´ai été heureux, très heureux; pas
plus heureux que ce soir, quand Marie-Élisabeth me suçait passionnément et
maladroitment, me faisant parfois mal avec ses dents, mais n´importe, c´était
bouleversant.
Auparavant, je lui avait longuement
sucé le clítoris, leche le con, voluptueusement fait feuille de rose (caresse
inoubliable pour elle, je l´espère); je l´ai possédée en bouche, en con. Puis
je l´ai pédiquée: cela lui a fait mal, très mal même, puisque des larmes ont
jailli de ses yeus, mais elle n´a pas protesté, elle a supporté l´assaut avec
vaillance.” Esta Élisabeth tem 15 anos. Com a sua idade, sai bastante amassada,
a pobre...
- Eu gostava de ser optimista como Fr. Bento Domingues. Diz o ilustre
sacerdote no Público de domingo: “No momento, em que as narrativas de corrupção
tendem a criar a ideia do inevitável, importa encontrar os meios, as práticas e
a cultura de que o normal, o mais corrente, é a honestidade pessoal e a observância
das boas regras nas instituições públicas e privadas.” Só a bondade de um homem
íntegro e honesto, pode ser capaz de ambicionar nos nossos dias uma práxis do
passado.
- Com a preciosa ajuda da Piedade, abri o lounge. É a minha forma de saudar a Primavera que hoje inundou os espaços e, espero, os corações.
- Com a preciosa ajuda da Piedade, abri o lounge. É a minha forma de saudar a Primavera que hoje inundou os espaços e, espero, os corações.