Domingo, 24.
Confesso
que me revolta ver o destino do audaz Rui Pinto, preso desde que chegou de
Budapeste, enquanto aquelas resmas de corruptos analfabetos que dirigem a
indústria de futebol e têm ao seu dispor de joelhos e a encherem os bolsos, os
homens que só defendem (curiosamente chamados advogados), quem possua somas
astronómicas que os fazem inchar de soberba e altivez. A Justiça entre nós é um
negócio altamente rendoso, com uma particularidade que diz tudo sobre a justiça
humana: quem tiver dinheiro paga para não ir parar à cadeira; quem o não tem é
humilhado e maltratado e passa o resto da vida atrás das grades. O PS tem aqui
uma especial culpa que começou com o multimilionário José Sócrates, ao cavar a
divisão entre cidadãos de acesso à justiça de primeira e de segunda, e
recentemente acentuada com o Mágico, ao pretender que o Estado fique com 20 por
centro das causas ganhas nos tribunais assistidos por advogados públicos. Esta
justiça é forte e vertical com os fracos e ziguezagueante e fraca com os
fortes.
- Os gilets jaunes embora escorados por um colete de forças
impressionante, não deixaram de descer às ruas. Os Campos Elísios ofereciam uma
imagem que não favorece Chou Chou, como se “a maior avenida do mundo” estivesse
em guerra... contra os seus habitantes. Para a semana há mais, grande
presidente (em minúsculas).
- A aliança que tem combatido o Daesh
na Síria, anunciou que os jihadistas capitularam e a guerra terminou. Deus
queira. Porque o desaparecimento não significa que se tenham convertido à
civilização. Temo que agora redobrem os seus actos bárbaros. Precisamos de
mudança, mas dispensamos as execuções arbitrárias, o espectáculo das sentenças
hediondas, o terror, os ataques mortais que levaram inocentes, as angariações
de fracos e revoltados para o pseudo estado islâmico ou califado.
- O Museu do Prado festeja este ano o seu bicentenário.
Por essa razão vim a Madrid e desafiei a Annie e o Robert a juntarem-se a mim.
Estou, portanto, no aeroporto à sua espera e aproveito para escrever estas
linhas. Daqui levá-los-ei para o hotel que previamente escolhi, na Gran Vía,
não muito longe do museu e do centro do desassossego. Tempo sublime. Por muito
que revisite a cidade, sempre a vejo jovem e garbosa, com os seus habitantes
airosamente felizes. Há na atmosfera aquele incenso de orgulho que faz deste
povo uma raça à parte no rumo que leva a União Europeia.