sexta-feira, março 29, 2019

Quinta, 28.
Grande deambulação pela cidade. Chegámos num táxi a Praça Mayor depois da manhã no Museu Rainha Sofia. Almoçámos ao sol, os olhos postos no enorme edifício quadrangular, todo decorado com personagens, que três incêndios devastaram e outros tantos arquitectos renovaram. Ela é erguida em memória de Felipe III e é hoje centro indispensável da movida madrilena, com uma actividade turística solidificada nos sucessivos restaurantes que a circundam. Julgo que é a segunda maior praça da Europa e goza por isso da reputação que séculos trouxeram até nós. Ao lado funciona o Mercado S. Miguel. Um pitoresco lugar onde os espanhóis almoçam tapas a preços exorbitantes, centro de convívio e encontros, lugar barulhento como só a Espanha possui, mas onde apesar disso apetece retardar o passo absorvidos pelo muito que nos oferece do ponto de vista alimentar, vinícola, sociológico, cultural. Por lá nos quedámos a fazer tempo para embarcarmos rumo a Lisboa.


          - O Museu Rainha Sofia está em obras de ampliação. Já estava quando o visitei da última vez. À parte a sala que expõe Guernica e é tematicamente rica com os estudos na sala anexa, tudo o resto parece-me uma amálgama onde nos perdemos, nos estafamos, nos desorientamos. Não sei se a regra dos grandes museus é correcta. Também se pensava assim dos hospitais e hoje tende-se a repensar o assunto. Não estão em causa as obras nem a sua importância, mas torná-los num sítio temático, aprazível, onde o visitante possa escolher o que lhe interessa naquele momento. Como estão propendem a ser um local de loucos perdidos à procura não se sabe de quê, desnorteados, fazendo muitos quilómetros sem sair do mesmo sítio, espécie de peregrinação cruzando corredores e divisões, para no final misturar escolas, períodos, artistas, países, etc. Todavia, foi um prazer para mim rever a obra de Picasso, ter encontrado uma maravilhosa tela de Cocteau, Jean Gris tão esquecido e abafado por Pablo Picasso, Gargalla, Miró, Dalí, Zurbaran, enfim, os impressionistas que ali reinam em glória e arte.