Sexta, 22.
São
manifestos os repúdios dos portugueses que vivem em Moçambique e,
particularmente nestas horas terríveis, os que foram atingidos pelo ciclone
Idai. Arrasam o consulado português. Dizem que só oito dias depois estão a
aparecer, que foi inexistente na Beira e noutros locais onde era necessário,
deixando-os completamente entregues à sua sorte. É curioso, a mim nada disto
surpreende. Ai de nós se uma catástrofe um dia varre este rectângulo! Pelo que
se viu há dois anos nos incêndios de Pedrogão e pelo que se viu o ano passado
no do Algarve, a irresponsabilidade de todos nunca é apurada porque uma teia de
amigalhaços e conveniências políticas se dissemina por organizações, postos de
comando, autarquias e juntas de freguesia. Pagamos a milhares e milhares de
empregados, funcionários, pessoal disto e daquilo e todo o dinheiro se vai em suster
o desemprego e a romancice de uma classe que não pode ser despedida, tem
Segurança Social especial, ganha mais que nos privados e não é responsabilizada
por nada.
- O PCP está contra a nova lei de
fiscalização dos políticos, por entender decerto que a classe política é
demasiado séria e honesta para ser fiscalizada. Não se percebe. Em que mundo
vivem os comunistas? Depois do que se assiste por todo o lado: aldrabices dos
senhores deputados, a começar na declaração dos seus bens e a terminar nas
moradas vigarizadas, as viagens inventadas, as presenças falsificadas. Os
tribunais que nestes últimos vinte anos só trabalham para denunciá-los e as
centrais de advogados laboram a fundo para os ilibar. Como pode o PCP opor-se a
que o povo conheça como enriquecem aqueles que lidam com o nosso dinheiro e têm
acesso fácil ao tacho que não param de rapar!
- Não só aqui. O Brasil é um campo de
concentração a céu aberto de ladrões. O empertigado e filistino ex-Presidente
do Brasil, Michel Temer, acaba de ser preso implicado também na célebre
Operação Lava-Jacto. O curioso, neste caso como em tantos outros, é que estes
malfeitores exibem na cara e na lapela, o que são – ladrões e vigaristas. Os
tribunais deviam prendê-los sem gastar recursos públicos, porque eles dizem
escondendo e mentido, tudo o que na realidade fizeram. Está tudo registado
naquelas caras feionas, só as leis feitas para encher de divisas as catedrais
de advogados que tudo fazem para construir os altares onde os elevam em adoração
pelo muito que lhes deram a ganhar. Meus queridos gilets jaunes, não faltem amanhã nas ruas. Precisamos de vós para
ajudar a denunciar este clientelismo que aquartela o pai e a mãe, a esposa extremosa
e o filhinho querido, sem faltar o gato e o cão de estimação.