Segunda,
11.
Por
vezes sinto-me só no meio do tumulto de amigos, notícias, artigos, opiniões que
hoje inundam o nosso quotidiano. Sexta-feira, por exemplo, à mesa da Brasileira
e depois do Príncipe, eram todos contra mim... Por sobre as vozes dissonantes
que em meu entender mais não são que extensões do falatório político unânime
que grassa por jornais e televisões, como se um cérebro tirânico impusesse e
manipulasse os espíritos, obrigaram-me a subir de tom por forma a dizer o que
penso. A ideia que tenho, é que a sociedade sendo tão incensada de opiniões,
imagens e comentadores, cada vez sabe menos pensar, olhar, reflectir. Prevalece
a primeira notícia, preferencialmente veiculada pela televisão, e daí como um
rastilho une numa mesma verdade toda a gente. Esta não precisa – se é que sabe
– de pensar, de cruzar informação, discutir o que lhe dão. Aceita pura e
simplesmente, não vendo o que a notícia esconde atrás do tempo que a concebeu,
dos interesses que alberga, das estratégias que vincula. O sentido critico não
faz parte das consciências. Pelo contrário, abrigando-se naquele exercício pateta
segundo o qual cada um é livre de pensar e fazer o que lhe apetece, recebe todo
o lixo que não dê trabalho a incinerar. Somos todos iguais até a turrar para o
mesmo destino. Qualquer minúsculo ditador, adora gentes amorfas e contentes com a efémera passagem do tempo.