sábado, março 16, 2019

Sábado, 16.
Eu admiro Theresa May. Num mundo frágil, povoado de medíocres, de vira-casacas, ela incarna a luta, a obstinação, o apreço à democracia e ao voto popular assinado nas urnas. A UE formada por mangas de alpaca, tecnocratas que comem números a todas as refeições, sem imaginação nem dignidade, sujeitam-na a ela e ao povo britânico à humilhação mais medonha para que sirva de exemplo a outros povos que queiram deixar o clube do bocejo e da cagança, da ganância e da corrupção. Muitos querem nova consulta nas urnas, convencidos que podem anular o Brexit, apoiados no que dizem ter sido um engano dos que os meteram no sarilho em que se encontram. Se esta argumentação colhe-se, então por todo o lado os políticos pinóquios seriam encarcerados e as eleições anuladas. Porque a mentira é a arma dos partidos, dos políticos e dos povos malformados que os sustentam. A Senhora anda cansadíssima, perdeu a voz, mas continua a lutar por aquilo em que acredita – só por isso merece o nosso respeito e estima.

         - Ontem, inopinadamente, o João Corregedor telefona-me do Café da Casa a convidar-me para jantar. Quando cheguei deparei com a Marília e a Leonor e juntos caminhámos pela Luísa Todi até ao restaurante ao fundo da artéria em frente às partidas para Troia. Momentos radiosos, perfeitos, com a noite temperada a ajudar que se estenderam até muito tarde. A mesa foi posta no passeio e a conversa não parou um instante. João estava visivelmente feliz e arrastou-nos aos três nesses instantes mágicos que não encontram no dicionário a expressão que os imortalize.

         - Os gilets jaunes voltaram em força às ruas não só de Paris como de França inteira. Andam nisto desde Novembro do ano passado quando eu estava na cidade luz. Hoje estiveram ensandecidos, incendiando quiosques e fachadas de restaurantes. A sua obsessão: correr com Macron. Não se deixam enganar os franceses nem os argelinos, os marroquinos, os tunisinos, os... É a consciencialização de grandes massas de povo habitualmente desprezadas dos governantes que, súbito, perceberam que tinham de forçar o destino escravo e de sobrevivência permanente em que têm vivido. Se entre nós os dois milhões de pobres, os reformados e as crianças fizessem qualquer coisa para alterar a visão desprezível que deles têm os políticos e sindicatos, partidos e organizações patronais, decerto o país inteiro lucraria no futuro.


         - Dia suspenso de luz. Habitar no campo, é encher a alma do sagrado, do mistério que se revela apenas ao olhar contemplativo que se extasia ante a florescência divina. Que Deus me permita ser amortalhado neste silêncio profundo onde os pássaros chegam para me anunciar a Primavera.