Sábado, 16.
Eu
admiro Theresa May. Num mundo frágil, povoado de medíocres, de vira-casacas,
ela incarna a luta, a obstinação, o apreço à democracia e ao voto popular
assinado nas urnas. A UE formada por mangas de alpaca, tecnocratas que comem
números a todas as refeições, sem imaginação nem dignidade, sujeitam-na a ela e
ao povo britânico à humilhação mais medonha para que sirva de exemplo a outros
povos que queiram deixar o clube do bocejo e da cagança, da ganância e da
corrupção. Muitos querem nova consulta nas urnas, convencidos que podem anular
o Brexit, apoiados no que dizem ter
sido um engano dos que os meteram no sarilho em que se encontram. Se esta
argumentação colhe-se, então por todo o lado os políticos pinóquios seriam
encarcerados e as eleições anuladas. Porque a mentira é a arma dos partidos,
dos políticos e dos povos malformados que os sustentam. A Senhora anda
cansadíssima, perdeu a voz, mas continua a lutar por aquilo em que acredita –
só por isso merece o nosso respeito e estima.
- Ontem, inopinadamente, o João
Corregedor telefona-me do Café da Casa a convidar-me para jantar. Quando
cheguei deparei com a Marília e a Leonor e juntos caminhámos pela Luísa Todi
até ao restaurante ao fundo da artéria em frente às partidas para Troia. Momentos
radiosos, perfeitos, com a noite temperada a ajudar que se estenderam até muito
tarde. A mesa foi posta no passeio e a conversa não parou um instante. João
estava visivelmente feliz e arrastou-nos aos três nesses instantes mágicos que
não encontram no dicionário a expressão que os imortalize.
- Os gilets jaunes voltaram em força às ruas não só de Paris como de
França inteira. Andam nisto desde Novembro do ano passado quando eu estava na
cidade luz. Hoje estiveram ensandecidos, incendiando quiosques e fachadas de restaurantes.
A sua obsessão: correr com Macron. Não se deixam enganar os franceses nem os argelinos,
os marroquinos, os tunisinos, os... É a consciencialização de grandes massas de
povo habitualmente desprezadas dos governantes que, súbito, perceberam que
tinham de forçar o destino escravo e de sobrevivência permanente em que têm
vivido. Se entre nós os dois milhões de pobres, os reformados e as crianças
fizessem qualquer coisa para alterar a visão desprezível que deles têm os políticos
e sindicatos, partidos e organizações patronais, decerto o país inteiro lucraria
no futuro.
- Dia suspenso de luz. Habitar no
campo, é encher a alma do sagrado, do mistério que se revela apenas ao olhar
contemplativo que se extasia ante a florescência divina. Que Deus me permita
ser amortalhado neste silêncio profundo onde os pássaros chegam para me
anunciar a Primavera.