quarta-feira, março 13, 2019

Quarta, 13.
Ontem depois do almoço no Príncipe corrido a Cucurrucucu Paloma de Harry Belafonte (?), cantarolada por Carlos, eu e depois o Alexandre, tocados a tintol, mas ainda assim com belo efeito de tal modo que os clientes se voltaram a ouvir as vozes afinadas e o maestro japonês do Teatro Nacional (julgo) que estava a almoçar a duas mesas da nossa e a quem nós, Carlos e eu, à saída obsequiámos com um cucurrucucu repenicado, depois desses momentos saborosos, tendo dado uma entrada por saída ao Corte Inglês para comprar o jantar, deparei na livraria o João Corregedor. Logo os bons momentos no restaurante se metamorfosearam em memórias políticas, em factos, em opiniões coladas umas às outras, no carrossel incomensurável do passado. A descarga que o nosso amigo opera quando nos vê, só é equivalente à distância que eu ergo para me defender de toda a praga de nomes e postos dos senhores que governando se governaram e não conseguiram em 40 e tal anos de “progresso” e “democracia” varrer do nosso horizonte colectivo 2 milhões de pobres.


         - Terminei sob vento doido que sacudiu tudo e todos, o corte da erva daninha no jardim. De tarde, trouxe lá de baixo dois carregos de lenha – e deste modo o dia se encheu das urgências a que a Primavera obriga. Antes havia concluído o livro de George Sand o valente homem que tantos homens amou à moda das mulheres apaixonadas.