Quarta,
13.
Ontem
depois do almoço no Príncipe corrido a Cucurrucucu
Paloma de Harry Belafonte (?), cantarolada por Carlos, eu e depois o
Alexandre, tocados a tintol, mas ainda assim com belo efeito de tal modo que os
clientes se voltaram a ouvir as vozes afinadas e o maestro japonês do Teatro
Nacional (julgo) que estava a almoçar a duas mesas da nossa e a quem nós,
Carlos e eu, à saída obsequiámos com um cucurrucucu repenicado, depois desses
momentos saborosos, tendo dado uma entrada por saída ao Corte Inglês para
comprar o jantar, deparei na livraria o João Corregedor. Logo os bons momentos
no restaurante se metamorfosearam em memórias políticas, em factos, em opiniões
coladas umas às outras, no carrossel incomensurável do passado. A descarga que
o nosso amigo opera quando nos vê, só é equivalente à distância que eu ergo
para me defender de toda a praga de nomes e postos dos senhores que governando
se governaram e não conseguiram em 40 e tal anos de “progresso” e “democracia” varrer
do nosso horizonte colectivo 2 milhões de pobres.
- Terminei sob vento doido que sacudiu
tudo e todos, o corte da erva daninha no jardim. De tarde, trouxe lá de baixo
dois carregos de lenha – e deste modo o dia se encheu das urgências a que a
Primavera obriga. Antes havia concluído o livro de George Sand o valente homem
que tantos homens amou à moda das mulheres apaixonadas.