Terça,
23.
“E
acontecerá naquele dia que o Senhor assobiará às moscas, que
domina parte do rio do Egipto, e à abelha, que está no país dos assírios. E
virão todos e descansarão nas ravinas da região e nas fendas das rochas e nas
cavernas e em todo o buraco e em toda a árvore.” Este belíssimo versículo é de
Isaías 7:18-19. Os parênteses angulares são de Frederico Lourenço na sua
magistral tradução do Antigo Testamento. Ed. Quetzal.
- Portugal é, como sabemos, um país de
fait divers. Tanta conversa fiada,
tanta tinta gasta, tantas imagens repetidas, tanto político palrador, e no final
todos, incluindo o povo, sabem de antemão qual vai ser o desfecho do julgamento
de sua excelência-engenheiro-ex-vice-presidente de Angola, Manuel Vicente,
acusado de corrupção. Fica, contudo, bem a António Costa, apregoar que num
estado democrático o poder judiciário é independente do poder político. Advirto
os meus leitores que palavras são palavras. Quanto ao mais, tchiu!
- Passei uma hora no atelier da Maria
José. A escultora está a trabalhar no busto do bispo de Setúbal, D. Manuel Martins,
uma encomenda, penso, da diocese. Esta amiga não pára. Ainda que o seu espaço
esteja cheio de encomendas que não lhe pagaram e outras que não passaram de
promessas de novos-ricos ignorantes, a artista prossegue com seu eterno sorriso
e o vigor de sempre, o caminho traçado há décadas.
- Estas linhas levam-me ao António
Segurado. Há tempos pôs na ideia que tinha de fazer o meu retrato, não obstante
a minha negação. Como eu não ia ao seu atelier, ainda por cima situado na Damaia,
optou por me fotografar de todas as formas e feitios. A tela que pensava eu ele
queria que a comprasse, vai ficar no espólio do pintor para memória futura. Ele
é dos que pensa que a minha celebridade não tarda. Bom amigo, recomendo-te a aguardares
sentado.
- Nos pacotinhos de açúcar que a
Brasileira fornece aos seus clientes, vêm inscritas algumas frases de Fernando
Pessoa. Não resisto a partilhar com os leitores. “As distâncias maiores que
devemos percorrer estão dentro de nós mesmos.” “Vivo sempre no presente. O
futuro, não o conheço. O passado, já não o tenho.” “A renúncia é a libertação.
Não querer é poder.”