terça-feira, janeiro 16, 2018

Terça, 16.
A informação televisiva e a outra, anda contentíssima. Num país onde não se passa nada, à parte o futebol e as parlapatices dos políticos, o facto de ter havido um incêndio, uma catástrofe ou uma história de faca e alguidar, é motivo para encher por várias semanas os blocos informativos. Temos hoje uma comunicação sádica, distribuída como espectáculo, toda ela chã, subdesenvolvida, pobrezinha e vulgar. Em paralelo, há uma colónia de gente que a continua com programas confrangedores, onde tipos saloios propagam a moral fingida, recortada de interesses particulares, onde só conta a sua pessoa engrandecida pela misericórdia daqueles que mal sabem falar, mas são pela arrogância as vedetas de serviço alinhadas para virem a ser um dia primeiros-ministros ou chefes de Estado. Evidentemente, nesta comadrice, jamais acontecerá a grande varredela do lixo para debaixo da mesa.


         Talvez aqueles que dizem que temos a informação que merecemos, tenham razão. Contudo, esta afirmação, pressupõe uma cultura subjacente ao conhecimento do logro e à capacidade de separar o trigo do joio. Se trabalharam durante tantos anos para embrutecer as pessoas, se lhes reduziram a massa encefálica, se as fizeram cativas de um conjunto de necessidades básicas, se as estupidificaram com futebol, concursos, reality shows; se a isto se somar a vida dura, as deslocações, a fadiga, os perigos do dia-a-dia é natural que elas, chegadas a casa se afundem no sofá diante da manjedoura TV, e vejam sem pensar nem presenciar o lixo que lhes entra porta a dentro sem que elas tenham consciência disso. Só encontro uma palavra que concisa estas linhas: alienação.