Terça,
16.
A
informação televisiva e a outra, anda contentíssima. Num país onde não se passa
nada, à parte o futebol e as parlapatices dos políticos, o facto de ter havido
um incêndio, uma catástrofe ou uma história de faca e alguidar, é motivo para
encher por várias semanas os blocos informativos. Temos hoje uma comunicação
sádica, distribuída como espectáculo, toda ela chã, subdesenvolvida, pobrezinha
e vulgar. Em paralelo, há uma colónia de gente que a continua com programas
confrangedores, onde tipos saloios propagam a moral fingida, recortada de
interesses particulares, onde só conta a sua pessoa engrandecida pela
misericórdia daqueles que mal sabem falar, mas são pela arrogância as vedetas
de serviço alinhadas para virem a ser um dia primeiros-ministros ou chefes de
Estado. Evidentemente, nesta comadrice, jamais acontecerá a grande varredela do
lixo para debaixo da mesa.
Talvez aqueles que dizem que temos a
informação que merecemos, tenham razão. Contudo, esta afirmação, pressupõe uma
cultura subjacente ao conhecimento do logro e à capacidade de separar o trigo
do joio. Se trabalharam durante tantos anos para embrutecer as pessoas, se lhes
reduziram a massa encefálica, se as fizeram cativas de um conjunto de necessidades
básicas, se as estupidificaram com futebol, concursos, reality shows; se a isto se somar a vida dura, as deslocações, a
fadiga, os perigos do dia-a-dia é natural que elas, chegadas a casa se afundem
no sofá diante da manjedoura TV, e vejam sem pensar nem presenciar o lixo que
lhes entra porta a dentro sem que elas tenham consciência disso. Só encontro
uma palavra que concisa estas linhas: alienação.