domingo, janeiro 14, 2018


Domingo, 14.
Trágico acidente ocorrido em Tondela de que resultaram oito mortos e dezenas de feridos. Na origem está uma salamandra que terá propagado fogo ao telhado de uma associação onde decorria um concurso. Quando quiseram fugir às labaredas, a única porta estreita que abria para dentro, obstou a que escoasse a multidão aos gritos que aí se amontoou. De fora, quem veio em socorro, não conseguiu forçar a abertura. Agora toda a gente chora e com razão. Quando a dor abrandar, que os políticos e autarcas expliquem uma vez por todas, que muito do que nos acontece é a nós mesmos que devemos assacar responsabilidades. É inconcebível que uma associação tenha funcionamento no estado que vemos nas imagens e não possua o mínimo de segurança para a realização das suas actividades.

         - A França, pelos vistos, continua às voltas com o seu querido harcelement. Quando lá estive em Novembro, não se falava de outra coisa. Agora a actriz Catherine Deneuve junto com outras individualidades, veio com uma carta aberta defender a libertação de importunar, repondo o direito a ouvir piropos, a alguns apalpanços, e outros pequenos conluios de que eu falei aqui na altura (procurar mês de Novembro de 2017). A verdade é esta: a mulher à força de reivindicar o estatuto masculino, acaba por perder a sua identidade e reaproximar os homens uns dos outros... Claro que distancio, separo, condeno o harcelement violento, continuado contra a vontade da mulher, a supremacia do macho sobre a sua companheira, a violência física e psíquica, enfim, tudo o que transborda da norma civilizada que deve unir um homem e uma mulher. Mas também entendo que a mulher está muito provocadora... e espero que o homem faça igualmente sobressair os seus dotes físicos de modo a incendiar os apetites femininos... Querem ver o que é uma mulher que nos anos Vinte e Trinta já era independente e não precisava de leis para se impor? Trata-se de Madame Sarah Bernhardt. Um dia ela tomou o eléctrico para se dirigir ao teatro. Esperou na fila e quando o transporte parou, subiu ligeiramente a saia para transpor o degrau de veículo. O homem que estava atrás dela, atirou: “Que rica perna!” Madame, parou, fitou-o nos olhos e respondeu: “Pois olhe, meu caro senhor, a outra é precisamente igual.” (Abro um parêntese para informar que se isto tivesse acontecido comigo, não poderia responder de igual modo... Ou talvez um cavalheiro e uma dama dissessem em uníssono: “Que ricas pernas!”)

         - A Tunísia voltou a acordar. Manifestações em todo o país contra o custo de vida, os impostos, o desemprego. Uma mulher dizia ao canal 2 francês: “Vivíamos melhor no tempo de Bourguiba.” Habib Bourguiba governou o país de 1957 a 1987. Nesse período visitei o país de norte a sul e pude ver muita pobreza. Agora se aquela pobre senhora se queixa do presente...


         - Estou quase recuperado da decepção que o mundo editorial de hoje me provoca. Tirando o lado bom do nojo que quase todas as ditas editoras me provocam, direi que a luta tem que continuar – é na luta que eu me remoço. Voilá. Dito isto, estou a estudar uma estratégia que ponha a nu o gangsterismo. O país deve conhecer a merdelhice editorial que por aí se instalou. Não é decerto em vão que fui jornalista.