terça-feira, janeiro 09, 2018


Terça, 9.
Michel Poix faleceu anteontem na sua casa de Villemoiron. Era um grande escultor, um afetuoso amigo que me recebia sempre de braços abertos, ele e sua mulher, para almoços animados nas suas residências de Paris ou de campo. A França possui diversas esculturas públicas que atestam o seu talento visionário, o seu modernismo, um pouco na linha de Giacometti. O ano passado muitos artistas partiram, este ano alguns já nos deixaram. Que debandada, santo Deus!

O atelier do escultor 

         - Os jovens franceses são entre a população os mais receptivos à mise en scène. Parece que 6 por cento acredita em teorias estapafúrdias, em complôs. Por exemplo: que a ida dos americanos à lua se trata de um filme de ficção. Como Madame Juju que também assim pensa.  


         - Esta noite acordei pelas quatro da manhã com uma tremenda frustração a comprimir-me o coração. Todo o filme do meu trabalho e consequente contacto com editores, impediu-me de pregar olho. Mentalmente construi um texto que queria apor neste blogue e a partir daí fechar-me num mundo onde não haveria mais lugar a peregrinações de consternação. Depois o dia acordou e ouvi a chuva bater na janela do quarto. Levantei-me e disse para mim mesmo que tinha feito demasiadas cedências ao longo dos anos que me trouxeram até este momento, muitas das quais me envergonho por não terem sido sinceras, por me terem de algum modo prostituído, e para o tempo que me restar de vida não abdicarei dos meus princípios, da minha moral, e lutarei até ao fim sem subserviências nem palavras elogiosas de cinismo. O que tiver de vir ao meu encontro, virá. Agarrarei de cabeça erguida.