Terça, 9.
Michel
Poix faleceu anteontem na sua casa de Villemoiron. Era um grande escultor, um afetuoso
amigo que me recebia sempre de braços abertos, ele e sua mulher, para almoços
animados nas suas residências de Paris ou de campo. A França possui diversas
esculturas públicas que atestam o seu talento visionário, o seu modernismo, um
pouco na linha de Giacometti. O ano passado muitos artistas partiram, este ano
alguns já nos deixaram. Que debandada, santo Deus!
O atelier do escultor |
- Os jovens franceses são entre a
população os mais receptivos à mise en
scène. Parece que 6 por cento acredita em teorias estapafúrdias, em complôs.
Por exemplo: que a ida dos americanos à lua se trata de um filme de ficção.
Como Madame Juju que também assim pensa.
- Esta noite acordei pelas quatro da
manhã com uma tremenda frustração a comprimir-me o coração. Todo o filme do meu
trabalho e consequente contacto com editores, impediu-me de pregar olho.
Mentalmente construi um texto que queria apor neste blogue e a partir daí
fechar-me num mundo onde não haveria mais lugar a peregrinações de consternação.
Depois o dia acordou e ouvi a chuva bater na janela do quarto. Levantei-me e
disse para mim mesmo que tinha feito demasiadas cedências ao longo dos anos que
me trouxeram até este momento, muitas das quais me envergonho por não terem
sido sinceras, por me terem de algum modo prostituído, e para o tempo que me
restar de vida não abdicarei dos meus princípios, da minha moral, e lutarei até
ao fim sem subserviências nem palavras elogiosas de cinismo. O que tiver de vir
ao meu encontro, virá. Agarrarei de cabeça erguida.