Terça, 2 de Janeiro 2018.
O Papa Francisco, disse na homilia a que assisti em directo
da Basílica de S. Pedro, estas palavras
sábias e oportunas: “Reservar cada dia um tempo de silêncio com Deus é guardar
a nossa alma, é guardar a nossa liberdade das banalidades corrosivas do consumo
e dos aturdimentos da publicidade, da difusão de palavras vazias e das ondas
avassaladoras das maledicências e da balbúrdia.” Faz bem começar o ano a ouvir
uma voz singular no mundo de hoje, como a de sua Santidade o Papa Jorge Bergoglio.
Ele está só a pregar para governantes distraídos, traidores do seu eleitorado e
da moral e princípios que dizem seguir, mas nem por isso as suas palavras caem
no chão vazio do coração daqueles que o escutam e seguem.
- Queria
deixar algumas palavras que clarifiquem o que pretendia dizer quando respondi à
simpática rapariga que me vendeu o jornal Público no domingo. É evidente para
mim, que a personagem que hoje ocupa o Palácio de Belém, é singular e não se
compara a nenhum dos seus precedentes e muito menos àquela figura sinistra que
foi Cavaco Silva. Há, como tenho dito, muito aproveitamento no modo como Marcelo
R. de Sousa se relaciona com os portugueses, digamos, mais simples, sem grande
cultura nem saber político, que ficaram agarrados aos párocos das aldeias onde
vivem e fiéis às doutrinas da Igreja portuguesa que colaborou nos grandes
atrasos nacionais. Dito isto, há no modus
operandi do actual Presidente da República, um fundamento provavelmente
cristão, a par de um carácter indomável, que lhe ficou da juventude e a sua
educação burguesa acentuou. O homem é ligeiro, saudável, despretensioso. O
cargo não lhe subiu ao colarinho, as honras não são consentidas senão para
dignificar o cargo. Dentro da sua cabeça está bem claro que a função é transitória,
mas a vida passa-lhe ao lado, nesse outro lado onde tudo o que lhe pertencia o
espera. Não distribui caganças, nem falsas vaidades, pelo contrário existe até
um tom populista nos seus actos que me irrita. Como é inteligente, faz passar a
sua conduta pelo crivo da cultura e do português perfeito de que poucos
políticos se podem orgulhar, em particular o
professor-doutor-presidente-excelência Cavaco Silva. Daí que, como no tempo dos
reis, o tratem pelo primeiro nome – Marcelo. Ele, talvez, preferisse professor.
Professor Marcelo. Acresce que é por
natureza híper-activo. Com ele em Belém ninguém descansa, os dias são sempre
imprevisíveis, a colónia de férias fechou por cinco anos. Nem a doença quer
nada com um homem assim. Daí que tivesse recuperado de uma operação que não é
pera doce num ápice. Ainda por cima num hospital público por opção e exemplo e gratidão
ao 25 de Abril que criou o Serviço Nacional de Saúde. Tem setenta anos, mas não
tem tempo para pensar nisso. A vida é mais fascinante que a morte. É nela que
se empenha para nosso exemplo. Dos velhos que se encostam, dos novos que não
desgrudam da natureza zumbi em que os pais os colocaram. Como não exibe a falsa
importância dos políticos medíocres, não escolheu um hospital particular. Foi
internado num público ao lado dos artistas. Este exemplo, devia ser seguido em
primeiro pelos socialistas, que preferem hospedar-se no Hospital na Luz, na
Cuf, na Cruz Vermelha para serem tratados ao lado dos jogadores de futebol, dos
gestores gananciosos, e juntos terem a remissão dos pecados numa morte
democrática. Fogem de se misturar com o povo infeliz. Marcelo Rebelo de Sousa
ao lado deles é um príncipe.
- Praticamente
desde que me conheço que assisto com imenso interesse ao Concerto de Ano Novo
de Viena. Este ano talvez um pouco mais nostálgico devido ao facto de ter
estado em Viena d´Áustria o ano passado. O espectáculo fecha normalmente com a
valsa O Danúbio Azul, de Johann
Strauss II que o público presente acompanha com palmas e sorrisos felizes. As
filmagens exteriores, trouxeram-me memórias encantadas vividas sob a neve que
caiu abundante durante todo o tempo que passei na capital austríaca. O rio
cantado pelo compositor e também por Claudio Magris, é uma personagem que atravessa
a Mittleuropa e nos envolve a todos.
O edifício da Ópera sob uma noite de neve |
A catedral branca de neve e a personagem friorenta |