Sexta, 23.
O escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte
deu uma entrevista a Paulo Moura, do Público.
A dada altura afirma: “A Europa da liberdade morreu. O Ocidente vai
perder a guerra com o islão. Já não há homens brilhantes e os escritores não
têm nada para contar.” Parece um tal Helder de Sousa a falar. Mais adiante:
“Todo o sistema educativo europeu está feito para esmagar a inteligência. Para
a igualar à mediocridade.” Assim é, com efeito. Todavia, se os escritores nada
têm para contar, é porque não viveram e tudo o que contam sabe a invenção, a
coisa mastigada, a romance de sopeira, a telenovela da TVI. O que perdura na
literatura como na vida, é o que nos chega pela porta umbrosa do sofrimento, do
murmúrio interior, das sombras e desse desassossego criativo que se nos impõe
como uma doença, uma obsessão, uma necessidade intrínseca à nossa própria
natureza, como algo de sagrado. O que se passa depois, quero dizer a publicação
(ou não do livro), já não nos pertence, é estranho ao nosso coração, é como um
filho criado que, sem nunca o perdermos de vista, deixou de nos dar cuidados,
partiu à descoberta do seu próprio percurso.
- No fim, o que Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República
Portuguesa, homem de afectos, ex-comentador político que eu costumava chamar
arcebispo por palestrar na TVI e ainda por cima aos domingos, veio dizer esta
coisa simples e tenebrosa: a riqueza está acima das ideologias. Disse-o em
terras do Tio Sam onde o dinheiro cheira a crime e por ele vale tudo. Para um
católico cristão de duas uma: ou entende que o dinheiro é o deus supremo da
humanidade ou pensa como aquele meu conhecido quando dizia ao filho: “Sem
dinheiro não somos ninguém” - o que vem a dar no mesmo.
- Há mais um crime de lesa-majestade com a descoberta do paraíso fiscal
nas Baamas. Portugueses com dinheiro por lá, são às centenas. Ninguém falta a
chamada do lucro fácil que não é comido pelos impostos, provando que a ideia de
António Costa de controlar as contas bancárias de todos os que tenham
economizado numa vida 50 mil euros é para inglês ver. Até a senhorita Neelie
Kroes, ex-comissária da Concorrência e Agenda Digital da Comissão Europeia,
descobriram os jornalistas internacionais, tem maçarocas de notas lá plantadas.
Está tudo corrompido, que tristeza! Que valem todas estas descobertas? Nada.
Nem chegam para assustar os corruptos. Por uma simples e rasa razão: ladrão que
rouba a ladrão...
- Apesar do calor ter amainado e a água estar mais fria, nem por isso
tenho fugido ao meu exercício diário.