Segunda, 26.
E o mundo esse avatar desventurado há tanto
tempo arredio destas páginas que se aproxime com sua monstruosidade habitual
onde navega a mortificação, o sofrimento e a morte. O escritor cristão jordano Nahed
Hattar, foi abatido a tiro à entrada do tribunal onde estava a ser julgado por
publicar uma caricatura tida por ofensiva para o Islão. Nos Estados Unidos, uma
vaga de tiroteio causou a morte a várias pessoas. Negros na sua maioria. A
polícia foi a primeira a disparar contra um homem indefeso, seguiram-se
manifestações e prisões, até que anteontem um rapaz de dezoito anos entrou num
centro comercial a atirou a matar. No chão ficaram quatro homens e uma mulher.
Obama vai deixar a presidência sem conseguir legislar sobre as armas que se
vendem como pão quente em todo o país. É nessa circunstância que radica todo o
problema.
- Na cidade mártir de Aleppo os bombardeamentos são de uma agressividade
inumana. As poucas pessoas que restam, vivem no fogo cruzado de muitas ambições
e alucinações criminosas. Ali parece que se afrontam russos e americanos e não
aquela miscelânea de povos e seitas que há anos enfrenta o senhor todo poderoso
que herdou um país como se herda um quintal e uma cabana. Ali também os bárbaros
do Daesh rivalizam de poder e ambição, considerando que o califado pode vir a
ter a sua expansão a partir de um campo de nada semeado de mortos. A guerra
dura há quatro anos e nem a ONU ou outra qualquer instituição ou nação, consegue
travar um conflito sangrento que nos estupefica e tolhe de impotência.
- Eis um diálogo que travei, ao telefone, com um sujeito acelerado da
Vodafone:
- Estou a telefonar-lhe para lhe oferecer um mês de conversação
gratuita.
- Como assim se no mundo de hoje ninguém dá nada a ninguém!
- Dou-lhe eu porque
pelo seu número vejo que é nosso cliente há muitos anos. Olhe, ofereço-lhe dois
meses para falar sem restrições.
- Deixe-se disso e
vá aos finalmentes.
- Depois fazemos um contrato que o vai
satisfazer.
- Olhe, eu sou o mais
possível contra o consumo selvagem e não gosto de falar por falar.
- Ok. Bom dia –
rematou, lesto, desligando a chamada.
- Ando a procrastinar em tudo. Cheguei ao fim deste verão estafado. Só a
escrita me delicia e absorve a existência e já agora também as leituras. Em
tudo o mais “deslico” como diz Madame Juju. Contudo, devia falar sobre o sonho
que me fez saltar da cama esta noite, mas faltam-me as palavras, doem-me os
dedos, sinto o coração apertado de angústias, cedo à tentação de ficar a olhar
a tarde branda, a folhagem das árvores a murmurar segredos que não contam a
ninguém.
- Título (ainda provisório) do
romance: A Consagração do Amor. A ver
se ninguém mo rouba como fizeram com os O
Vazadouro dos Deuses e A Oratória dos Inocentes.