segunda-feira, setembro 05, 2016

Segunda, 5.
Há por aí umas prima-donas muito entendidas em ópera e música clássica que exibem a sua sapiência na matéria com uma tal arrogância, um tal estado de floração que ninguém ousa afrontá-las. Normalmente têm assento na Antena 2, na Gulbenkian, impõem os seus gostos femininos nos programas clássicos, andam de terra em terra a pavonear-se como as únicas entendidas em orquestrações, interpretações, barítonos, sopranos regentes de orquestra, etc. Outro dia ouvi falar uma dessas eminências pardas na rádio sobre a Sinfonia Coral na versão de Karajan com um tal ímpeto que dizimava todas as outras interpretações. Pois eu aconselho os meus leitores a confrontarem as direcções de Karajan e Kurt Masur de quem já aqui falei no entendimento da referida sinfonia e depois digam-me o que acharam. Claro que não contraponho a de Kleiber.

         - Faleceu Isabel Barreno. Era das poucas personalidades literárias a quem eu rendia respeito e admiração. Encontrei-a brevemente em tempos através da Isabel da Nóbrega, li alguns dos seus livros e a impressão que me deixou foi a de uma mulher discreta que se reservou para pos mortem.  

         - Madre Teresa de Calcutá foi canonizada santa pelo Papa Francisco. Ter pessoas como ela em pleno século XX, um século desastrado do ponto de vista da interpenetração dos valores morais e sociais, é não só um privilégio como a demonstração de que Deus está vivo e olha pelos milhões de seres que mais próximos estão dele pelo sofrimento, a pobreza resignada e o ostracismo.

         - Passos Coelho está a tornar-se insuportável. Não há por aí ninguém que lhe diga para mudar a cassete! Se o homem não consegue digerir o facto de estar na oposição, que o substituam. Ou então eu, daqui, digo como o rei de Espanha: “ Por qué  no te callas?”  

         - Está um calor esfarrapado impossível de suportar. Estou de portadas fechadas e trabalho na semi-escuridão. Mas vou interromper aqui, porque tenho de zarpar para Lisboa onde vou jantar com o Simão.