Segunda,
5.
Há
por aí umas prima-donas muito entendidas em ópera e música clássica que exibem
a sua sapiência na matéria com uma tal arrogância, um tal estado de floração
que ninguém ousa afrontá-las. Normalmente têm assento na Antena 2, na Gulbenkian,
impõem os seus gostos femininos nos programas clássicos, andam de terra em
terra a pavonear-se como as únicas entendidas em orquestrações, interpretações,
barítonos, sopranos regentes de orquestra, etc. Outro dia ouvi falar uma dessas
eminências pardas na rádio sobre a Sinfonia Coral na versão de Karajan com um
tal ímpeto que dizimava todas as outras interpretações. Pois eu aconselho os
meus leitores a confrontarem as direcções de Karajan e Kurt Masur de quem já
aqui falei no entendimento da referida sinfonia e depois digam-me o que
acharam. Claro que não contraponho a de Kleiber.
- Faleceu Isabel Barreno. Era das
poucas personalidades literárias a quem eu rendia respeito e admiração.
Encontrei-a brevemente em tempos através da Isabel da Nóbrega, li alguns dos
seus livros e a impressão que me deixou foi a de uma mulher discreta que se
reservou para pos mortem.
- Madre Teresa de Calcutá foi
canonizada santa pelo Papa Francisco. Ter pessoas como ela em pleno século XX,
um século desastrado do ponto de vista da interpenetração dos valores morais e
sociais, é não só um privilégio como a demonstração de que Deus está vivo e
olha pelos milhões de seres que mais próximos estão dele pelo sofrimento, a pobreza
resignada e o ostracismo.
- Passos Coelho está a tornar-se
insuportável. Não há por aí ninguém que lhe diga para mudar a cassete! Se o
homem não consegue digerir o facto de estar na oposição, que o substituam. Ou
então eu, daqui, digo como o rei de Espanha: “ Por qué no te callas?”
- Está um calor esfarrapado impossível
de suportar. Estou de portadas fechadas e trabalho na semi-escuridão. Mas vou
interromper aqui, porque tenho de zarpar para Lisboa onde vou jantar com o
Simão.