Sexta, 24.
Marcelo é impagável! Depois de ter
deixado de ser comentador político para ser Presidente da República, de manhã
participa numa cerimónia pública no Porto ou em Lisboa e à tarde embarca no
avião para assistir ao jogo de futebol, em França. Não satisfeito, depois da
partida, comenta para as câmaras de televisão o que viu em campo. Desta água,
só ele. Mas antes ele assim como é, que o nariz de pau que deixou de ser.
- Takemoto, citando o pintor Kama: Pour
moi, c´est le monde qui compte (...) le monde est comme les caractères de notre
écriture... tout est signe. Aller du signe a la chose signifiée, c´est
approfondir le monde, c´est aller vers Dieu... (...) On peut communier même
avec la mort... C´est le plus difficile, mais peut-être est-ce le sens de la
vie. Anotação do poeta Philippe Jaccottet, Carnets, pág. 61, Gallimard.
- O que eu pressentia aconteceu: o Reino Unido está fora da UE. Aleluia!
Os mercados estão assustados como se previa (assustam-se com pouco), as bolsas
caíram a pique (aquilo são catedrais de especulação, portanto, também previsíveis),
Bruxelas meteu o nariz no saco e, como sempre acontece com os manga-de-alpaca,
levam tempo a compreender a atitude dos escravos revoltados. David Cameron
demitiu-se (só lhe fica bem). Quanto a Portugal está-se nas tintas para o Leave inglês, entretido a fazer contas se é desta que “o maior jogador do
mundo” o ajuda a vencer pelo menos uma partida de um qualquer jogo do Euro. O
que se segue? Amanhã direi.
- Esta manhã no autocarro que me levou ao dentista, encontrei um antigo
colega de jornalismo. Quase não o reconheci. O drama dos seus dias, não se
recomendam nem ao nosso pior inimigo. E contudo, ele trabalhou no Século e Vida
Mundial, na rádio e televisão!