sábado, junho 18, 2016

Sábado, 18.
Anteontem aproveitando a amenidade do dia, trabalhei várias horas com a roçadora e consegui limpar todo o jardim das ervas indesejáveis. As hortênsias sorriem melhor e mais resplandecentes. São elas que por todo o lado inundam e abraçam os espaços. Tenho alguns olhinhos de um verde escuro a sair da terra – são as futuras abóboras uma cucurbitácea vinda das grandes civilizações antigas que sobreviveu através dos séculos até encontrar a minha predilecção. Glória a Deus!  



         - Estive um tempo a matar moscas. Depois chateei-me e fui ler Heidegger, mas este é um moscão que me ia matando a mim...

         - Experimento sempre um sentimento de abandono quando tenho que me despedir de uma peça de roupa. É o caso agora das minhas velhas Levi Strauss, as autênticas, compradas há mais de trinta anos e que ontem, num exercício de jardinagem se romperam à altura do joelho que os homens cobiçam e deixa as mulheres indiferentes. A Piedade diz-me que as use com o rasgão “porque está na moda”. Mas eu detesto o ridículo dos velhos que não assumem a idade e tudo fazem para aprontar atitudes e trejeitos de rapaz, quando os anos estão estatelados no seus cérebros vetustos e na rede de rugas dos rostos, não percebendo que acentuam a velhice quando a pretendem disfarçar. Por isso, vou usá-las, mas somente aqui na quinta.


         - A classe política, entenda-se CDS, PSD, PS, tremeu anteontem com o boato de que a Comissão Europeia ia fazer uma investigação à CGD. Logo vieram a terreiro uns quantos a indignar-se contra a ingerência de Bruxelas, facto curioso quando os vemos calados ante os atentados frequentes à independência nacional e à humilhação dos portugueses por parte da ditadura tecnocrata amesendada no monstro de vidro na Bélgica.