Sexta, 17.
Desencriptando. O que se passa na Caixa
Geral de Depósitos é o retrato vivo do país pós-25 de Abril. É também a caverna
de Ali Babá onde os políticos vão buscar a riqueza que paga os favores, os
arranjos partidários e as arrogâncias pessoais. É igualmente o fim de carreira
para alguns, com um acrescento fabuloso à modesta
reforma de ministro, um ancoradouro de repouso ou veraneio. É ainda a
fotografia perfeita da classe política que por lá passou, quero dizer, PDS,
CDS, PS: aproveitadora, corrupta, incompetente, mafiosa, pesporrente. Agora é o
contribuinte que vai pagar (pensa-se cada um de nós 700 euros!) para a
abastecer o fundo de maneio que eles fizeram desaparecer rapando do tacho ou
entregando de mão beijada a primos e tios somas astronómicas para negócios
ruinosos à portuguesa. E lembrar-me eu que Passos Coelho e o seu bando queriam
privatizá-la!
- A canalha energúmena do futebol prolonga as cenas de violência. Desta
vez foi em Lille que eu conheço bem e me fez pena reconhecer os sítios onde fui
feliz. Ingleses e russos travam autênticas batalhas campais por todo o lado e
os feridos são já em número considerável. Contudo, indiferente, o campeonato
prossegue.
- Um amigo esteve cá em casa há dias. Sofre de colesterol demasiado alto
e para o baixar o médico receitou-lhe o Crestor, uma estatina perigosíssima.
Disse-lhe que mudasse de vida, de alimentação, fizesse exercício físico,
deixasse por completo o sal, comesse apenas o necessário, fosse pouco a
restaurantes e teria mais trinta anos de vida (ele não deve ter quarenta). Sentado
à mesa, perante aquilo que eu confeccionei, e acercando-se do sal: “Como podes
tu comer isto assim insosso!”
- Obama apresentou-se no funeral das vítimas de Orlando. Corajoso,
fazendo a diferença numa classe política hipócrita, que prega a moral radical e
pratica o oposto. O que é a homossexualidade senão um enigma.