sábado, junho 25, 2016

Sábado, 25.
A poeira não tarda a assentar, pese embora a revanche da UE para tornar difícil a vida aos britânicos e assinalar aos outros membros que não tenham a veleidade de lhes seguir os passos. A verdade é esta: se o Reino Unido não obstante o seu estatuto, as regatias e bênçãos de toda a ordem quis abandonar o barco dos eurocratas inchados de soberba, imagine-se as razões dos portugueses e gregos e italianos que têm sido sistematicamente desprezados, humilhados, sovados e maltratados!

         - Todavia, quem me parece que se perfila para dar o pontapé de saída, são os países nórdicos: Dinamarca, Suécia, Finlândia, e também a Holanda e talvez mais tarde a França. Os respectivos governos evitam prometer um referendo com medo que a hecatombe aconteça mais cedo. Contudo, para mim, o projecto europeu morreu há muito, no preciso momento em que não teve a civilidade de envolver os respectivos povos no empreendimento. Porque a associação, embora na origem tenha sido pensada de outro modo, o facto é que foi inundada da avareza e de uma corrupta manta de negócios que envolveu políticos, nações, multinacionais, offshores sob a batuta da ditadura de Bruxelas que arregimentou o grande capital sem indagar se essa era a Europa que os europeus desejavam.

         - Ainda sob os despojos do Brexit, o senhor Carlos Moedas que ocupa um alto cargo na instituição, interrogava-se do porquê da escolha dos ingleses. A pergunta prova que esta gente vive num mundo de algodão rosa onde sonhos, realidades e fantasias se misturam. A coisa é de tal ordem, o trem-de-vida dos eurocratas e funcionários da UE é tão opulento – e quem esteve alguma vez em Bruxelas sabe do que falo -, o luxo e despreocupação nos hábitos diários, tudo o que exibem chega a ser ofensivo e criminoso e um insulto aos outros cidadãos. O argumento do nosso comissário europeu é outra anedota. Diz ele que o mundo tende a ser global e por isso a Europa só federada consegue fazer-lhe frente. Mas quem disse que os cidadãos vão aceitar passar de humanos a lagartos cinzentões, todos iguais, consumindo o que os Estados Unidos lhe querem dar, às ordens de oligarcas que ninguém conhece, por sua vez comandados por multinacionais sem rosto nem qualquer espécie de resíduo humano. O pequeno Moedas é um gracejo, coitadinho, um autómato, um fantoche nas mãos dos gigantes da finança e do contrabando. Se algo semelhante alastrar, é certo e sabido que temos uma guerra mundial que porá as pessoas de novo em primeiro plano. E se quisermos perceber como isso é impossível, basta ver como os povos se comportam uns com os outros neste europeu do futebol e entre povos do mesmo continente.


         - De resto, basta estarmos atentos. Já alguém ouviu no meio do barulho provocado pelo leave falar das pessoas? Eu não. O que escutei foi laudas aos milhões que vão sair daqui para ali, das centrais financeiras que vão deslocar as suas sedes, dos negócios que se vão perder, das empresas que vão falir, da liquidez do mercado, etc. etc. Entre nós, o mais equilibrado nos propósitos e nas perspectivas, foi António Costa. Afirmou o primeiro-ministro que a União Europeia devia meditar sobre o assunto que apavora meio mundo.