Sábado, 25.
A poeira não tarda a assentar, pese
embora a revanche da UE para tornar
difícil a vida aos britânicos e assinalar aos outros membros que não tenham a
veleidade de lhes seguir os passos. A verdade é esta: se o Reino Unido não
obstante o seu estatuto, as regatias e bênçãos de toda a ordem quis abandonar o
barco dos eurocratas inchados de soberba, imagine-se as razões dos portugueses
e gregos e italianos que têm sido sistematicamente desprezados, humilhados,
sovados e maltratados!
- Todavia, quem me parece que se perfila
para dar o pontapé de saída, são os países nórdicos: Dinamarca, Suécia,
Finlândia, e também a Holanda e talvez mais tarde a França. Os respectivos
governos evitam prometer um referendo com medo que a hecatombe aconteça mais
cedo. Contudo, para mim, o projecto europeu morreu há muito, no preciso momento
em que não teve a civilidade de envolver os respectivos povos no
empreendimento. Porque a associação, embora na origem tenha sido pensada de
outro modo, o facto é que foi inundada da avareza e de uma corrupta manta de
negócios que envolveu políticos, nações, multinacionais, offshores sob a batuta
da ditadura de Bruxelas que arregimentou o grande capital sem indagar se essa
era a Europa que os europeus desejavam.
- Ainda sob os despojos do Brexit, o senhor Carlos Moedas que ocupa um
alto cargo na instituição, interrogava-se do porquê da escolha dos ingleses. A
pergunta prova que esta gente vive num mundo de algodão rosa onde sonhos,
realidades e fantasias se misturam. A coisa é de tal ordem, o trem-de-vida dos
eurocratas e funcionários da UE é tão opulento – e quem esteve alguma vez em
Bruxelas sabe do que falo -, o luxo e despreocupação nos hábitos diários, tudo
o que exibem chega a ser ofensivo e criminoso e um insulto aos outros cidadãos.
O argumento do nosso comissário europeu é outra anedota. Diz ele que o mundo
tende a ser global e por isso a Europa só federada consegue fazer-lhe frente.
Mas quem disse que os cidadãos vão aceitar passar de humanos a lagartos
cinzentões, todos iguais, consumindo o que os Estados Unidos lhe querem dar, às
ordens de oligarcas que ninguém conhece, por sua vez comandados por
multinacionais sem rosto nem qualquer espécie de resíduo humano. O pequeno
Moedas é um gracejo, coitadinho, um autómato, um fantoche nas mãos dos gigantes
da finança e do contrabando. Se algo semelhante alastrar, é certo e sabido que
temos uma guerra mundial que porá as pessoas de novo em primeiro plano. E se
quisermos perceber como isso é impossível, basta ver como os povos se comportam
uns com os outros neste europeu do futebol e entre povos do mesmo continente.
- De resto, basta estarmos atentos. Já alguém ouviu no meio do barulho
provocado pelo leave falar das
pessoas? Eu não. O que escutei foi laudas aos milhões que vão sair daqui para
ali, das centrais financeiras que vão deslocar as suas sedes, dos negócios que
se vão perder, das empresas que vão falir, da liquidez do mercado, etc. etc.
Entre nós, o mais equilibrado nos propósitos e nas perspectivas, foi António
Costa. Afirmou o primeiro-ministro que a União Europeia devia meditar sobre o
assunto que apavora meio mundo.