quinta-feira, junho 23, 2016

Quinta, 23.
Vamos falar de futebol que é um tema que me apaixona pela sua eloquência e elevado valor cultural. Portugal, segunda mãezinha do primeiro jogador que o mundo inteiro e arredores, quero dizer, a Lua, Marte, Saturno, Úrano e até os mais recentes satélites descobertos admiram, disse que íamos ganhar à mais fraca das equipas do Euro, a Hungria, porque ela tinha rezado à Virgem de Fátima. Acontece que a Virgem Maria mando-a bater a outra porta ocupada em acudir portugueses em grande aflição como os que passam fome, não têm onde dormir, estão doentes, vivem do salário mínimo, sem esquecer o milhão de pobres que lhe solicita auxílio. Portanto, o esperado era que Portugal ganhasse à selecção que quatro em cada cinco amantes de futebol dizia ser a mais débil da competição. Saíram empatados e com as esperanças pela rua da amargura, o “melhor jogador do mundo” de cabeça baixa e os colegas no íntimo felizes porque eles estão a mais ante a luz, o deslumbre, a luminescência do astro-rei que a todos anula, reduz a poeira, e pode disputar qualquer jogo sozinho contra todas as outras em competição. Sucede que esta jactância nacional há muito que não faz sentido, ou antes, fez sentido quando dos Descobrimentos e expande-se aos tempos modernos na reserva estudiosa de uns quantos aplicados cientistas que na pesquisa escrevem com letra de ouro o nome do petit pays.

         - Os ingleses são uns sortudos. Estão hoje a votar por ficar ou largar a União Europeia. Nós não temos a mesma chance e, como ninguém nos demandou se queríamos pertencer a semelhante associação de malfeitores, somos obrigados a ficar na prisão de onde só sairemos com uma guerra civil.  


         - As hortênsias, graças à minha generosa empregada, inundaram a casa embelezando os espaços e dando uma nota de frescura e cor que me faz feliz.